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12.12.14 às 17:32

Meninos negros são principais vítimas do trabalho infantil

Cerca de 5,8% dos meninos negros, entre 5 e 15 anos, desenvolvem algum tipo de trabalho no Brasil
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Crédito: Creative commons/ILO/Truong Huu Hung

 

Comentário Akatu: O trabalho infantil, prática ilegal que prejudica o desenvolvimento de crianças e adolescentes por todo o mundo, é um grave efeito do modelo de produção e consumo da sociedade atual. Empresas e seus stakeholders precisam criar formas de produzir que sejam ambientalmente sustentáveis e socialmente justas em todas as etapas da cadeia, e, entre outros, não levem crianças e adolescentes ao trabalho precoce, afastando-os do ambiente escolar, da convivência familiar, do lazer e até mesmo da saúde. Mesmo porque é justamente na infância e na adolescência que se estabelecem, especialmente na escola e no ambiente familiar, os valores, comportamentos e hábitos que vão permanecer por toda a vida. Por isso, para alcançarmos um novo modelo de civilização que valorize o bem-estar de todos mais do que o consumo em si, é primordial educar nossas crianças e jovens para o consumo consciente e a sustentabilidade. Assim, desde cedo, eles poderão fazer com consciência suas escolhas de consumo, com base no que é realmente importante para sua vida e bom para a sociedade e para o meio ambiente.

 

Meninos negros são as principais vítimas do trabalho infantil: 5,8% dessa população, de 5 a 15 anos, desenvolvem algum tipo de trabalho no Brasil, de acordo com a primeira publicação do Sistema Nacional de Indicadores em Direitos Humanos, divulgada ontem (dia 11) pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). Entre meninos brancos, a taxa de ocupação da mesma faixa etária é 3,7%. Entre as mulheres, a taxa é 2,9% entre as negras e 2% entre as brancas.

Pela Constituição Federal, é proibido o trabalho de crianças e adolescentes. O trabalho, em geral, é admitido a partir dos 16 anos, exceto nos casos de trabalho noturno, perigoso ou insalubre, nos quais a idade mínima é 18 anos. A partir dos 14 anos é permitido trabalhar somente na condição de aprendiz.

Esta é a primeira vez que o trabalho infantil é mapeado conforme parâmetros da 19ª Conferência Internacional de Estatísticos do Trabalho, o que permitirá a comparação a situação em com outros países. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e foram organizados para criar indicadores que contribuam para a efetividade de políticas públicas destinadas à garantia dos direitos humanos.

Os dados gerais mostram que a taxa de trabalho infantil no Brasil caiu de 7,5%, em 2004, para 3,8%, em 2013. Em relação a 2012, houve redução de 0,3%. As regiões Norte e Nordeste lideram o ranking com 5,3% e 4,9% de crianças e jovens ocupados, respectivamente. A taxa de ocupação entre a população negra é 5,6% no Norte e 5,3% no Nordeste. Entre os brancos, a taxa é 3,8% no Nordeste e 3,5% no Norte. A Região Sul apresenta taxa total de 4,1%, o Centro-Oeste, de 3,8% e o Sudeste, de 2,4%.

Entre os estados, o Maranhão aparece em primeiro lugar em exploração do trabalho infantil, com percentual de ocupação de 7,4% de crianças e adolescentes. Na outra ponta, o Distrito Federal tem o menor índice: 0,7%.

Os dados fazem parte do Sistema Nacional de Indicadores em Direitos Humanos, cujo objetivo é monitorar e mensurar a realização progressiva dos direitos humanos no Brasil. Para os próximos meses, está prevista a divulgação de estudos referentes a alimentação, educação e participação em assuntos públicos.

“É absolutamente impossível fazer qualquer tipo de política pública correta, adequada, se não se tem a dimensão do que se deve atingir, qual o problema que se deve superar, onde está localizado e em qual dimensão”, explica a ministra de Direitos Humanos, Ideli Salvatti. Segundo ela, “é impossível atuar e ter condição de medir o que se está fazendo e se o que se está fazendo está dando os resultados que se deseja sem os indicadores confiáveis”.

Perguntada sobre a garantia de direitos humanos ser mais importante que o crescimento econômico do país, a ministra diz que o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) é absolutamente necessário. “Precisamos saber como o país se desenvolve, mas nem sempre um PIB elevado significa boas condições para a população”, ressaltou.

 

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