loader image
11.10.12 às 12:03

Você tem medo de quê?

Consumo desenfreado e competição: por que seguimos repetindo esse modelo?
compartilhe
FacebookTwitterLinkedInWhatsAppEmailCopy Link

Três informações me chamaram a atenção na última semana e me levaram a escrever esse texto. A primeira delas foi a queda de um menino do quinto andar do Colégio São Bento, no Rio, tradicional escola de classe média alta. As primeiras informações parecem apontar para o fato de que, talvez, o menino tenha se jogado.

A outra foi a informação sobre o índice do medo do desemprego (eu nem sabia que isso era medido!), que cresceu 0,8% em relação a junho, somando 75,3 pontos. O levantamento revela que as pessoas que ganham mais de cinco salários mínimos são as mais satisfeitas com a vida. Mas, segundo a CNI, “o medo do desemprego é maior entre quem está mais satisfeito com a vida, porque há uma tendência das pessoas temerem a perda do que conquistaram”. O medo do desemprego e, pior, o índice de satisfação com a vida, pela leitura dos resultados dessa pesquisa, parecem estar diretamente relacionados ao consumo.

Finalmente, o terceiro assunto foi um post no Facebook, de uma pessoa muito querida, demonstrando estar em desespero e querendo desistir da vida.

Estamos vivendo uma transição de paradigmas. A maioria das pessoas ainda vive sob a prisão do paradigma da competição, da escassez, do medo, do consumo. Sob esse paradigma, que impera em nossa sociedade há muitos e muitos anos, somos forjados diariamente para ter medo de tudo: medo de não ser amado, medo de não ser aceito, medo de ser rejeitado, medo de não parecer cool, medo de não corresponder às expectativas dos outros. Aprendemos a ter medo de nossos sentimentos, medo de nossa raiva, medo de nos apaixonar, medo de sofrer, medo de não controlarmos nossas emoções, medo do que os outros irão pensar. Sob o paradigma da escassez – que nos ensina que não há recursos disponíveis para todos – precisamos competir por absolutamente tudo. Competimos pela vaga de emprego, e quando conseguimos, competimos pela aprovação do chefe, pela promoção, pelo poder… Competimos pelo carro mais bonito, para ser a mais bonita da festa, para ser o mais engraçado da turma, para ter mais dinheiro que os outros, para ser o mais poderoso… Os sintomas da doença causada por esse paradigma podem ser vistos em qualquer lugar, a qualquer hora, basta ver o que a televisão está nos mandando fazer: consuma. Estamos consumindo desenfreadamente na tentativa de aplacar os nossos medos. É uma tentativa de convencer a nós mesmos daquilo que estamos tentando convencer os outros.

E muitos estão endividados por isso. E muitos estão desesperados. Muitos tentam se matar e alguns até conseguem. E é bom que se saiba que esses medos não estão fazendo suas vítimas somente entre os adultos. Muitas e muitas crianças estão perdendo suas infâncias assoladas por medos.

Voltando à pesquisa, a própria CNI afirma que “as pessoas estão dispostas a manter o nível de consumo, o que é favorável para a economia”. A economia é baseada no medo e representa fielmente o paradigma que está rapidamente ruindo. Por isso está em crise em tantos lugares do mundo.

Há um novo paradigma emergindo dessa crise e muitas pessoas já estão vivendo do lado de fora da prisão provocada pelo medo. Mas não vou falar sobre esse paradigma agora, teremos outras oportunidades.

O que quero chamar a atenção aqui, trazendo uma pequena pílula de cura para quem ler esse texto, é que precisamos olhar para os nossos medos. A simples consciência dos medos que estão por trás dos nossos comportamentos pode nos levar à cura e à liberdade.

Pergunte-se: de quê tenho medo? Não precisa responder, apenas pergunte a si mesmo. Tenho medo de não ser amado? Tenho medo de não ser aceito? Tenho medo de não ter dinheiro? Tenho medo de liberar a minha raiva e não ser aceito? Tenho medo da minha raiva? De quê tenho medo? …

Não é preciso fazer nada com a informação que emergir, apenas olhe para os seus medos. Saiba que eles existem. A liberdade de viver fora da tortura causada pelo medo só precisa que você reconheça que em algum nível ele está lá. É como uma semente lançada na terra.

Dê esse primeiro passo.

Daniela Reis é gerente do Instituto EBX e criou o Instituto Beija-Flor para atuar na transição para um novo paradigma.
Saiba mais sobre o Instituto Beija-Flor
Facebook Instituto Beija-Flor
Conheça o Instituto EBX
 

Siga no twitter.
Curta no facebook.

compartilhe
FacebookTwitterLinkedInWhatsAppEmailCopy Link

Veja também