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28.08.15 às 18:43

Virada Sustentável: como promover um consumo mais consciente?

Encontro realizado pela FEA/USP coloca no centro do debate os desafios e as oportunidades para mudanças de comportamento de consumo
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“Na mudança de comportamento com relação a hábitos de consumo existe uma negociação de troca. Se o consumidor consegue identificar o que ganha e perde ao trocar um produto menos sustentável por um mais sustentável – e o se o que o ganha é importante para ele –, ele faz a troca”. Esta foi uma das abordagens debatidas por Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, durante o 2º Encontro da Sustentabilidade organizado pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), que discutiu “Discurso x Prática: os consumidores ainda encontram dificuldades para serem mais sustentáveis?”. O Encontro, apoiado pela ponteAponte e que conta com a parceria do Akatu, foi realizado nesta sexta (28/08) e compõe a programação da Virada Sustentável 2015.

A professora responsável pelas pesquisas Kavita Hamza apresentou resultados de levantamentos realizados no âmbito da Faculdade de Economia da USP nos últimos anos. As pesquisas analisaram o discurso e a prática das pessoas com relação ao consumo – o que as pessoas dizem que fazem e o que vivem no dia a dia – e as barreiras para mudança de comportamento – preço, segundo os resultados, continua sendo o principal obstáculo para escolher opções mais sustentáveis. A comparação entre discurso e prática revelou que ainda há uma distância entre esses dois aspectos. “A falta de hábito para adotar práticas mais sustentáveis e não ter pensado sobre os impactos do próprio consumo no meio ambiente apareceram na maioria das respostas quando perguntamos por que as pessoas não faziam escolhas mais sustentáveis. Ao entrar nas casas das pessoas, no geral, percebemos que a prática ainda precisa de estímulo”, ressaltou Kavita.

Compuseram ainda os debates o vereador de São Paulo e especialista em sustentabilidade, Ricardo Young, e Ricardo Abramovay, doutor em economia e professor da FEA/USP. Ambos são membros dos conselhos do Instituto Akatu.

Para Mattar mesmo quem declara, por exemplo, que separa o lixo para coleta seletiva e na prática não o faz já deu um passo em direção à mudança de comportamento. “Especialmente porque já sabemos que separar o lixo normalmente é o principal fator inicializador do processo de transformação”, reforçou. Já sobre a barreira relacionada ao preço dos produtos mais sustentáveis, Mattar indicou que “existe uma percepção ainda influenciada pelos alimentos orgânicos – que foram o primeiro exemplo de opção mais sustentável no mercado”. Os produtos orgânicos, porque consideram algumas das externalidades ambientais da produção, ainda têm preços mais altos do que a produção convencional, o que é perfeitamente esperado. Isso não significa que hoje produtos mais sustentáveis são necessariamente mais caros – no entanto aquela percepção influencia muito as escolhas.

Ricardo Young ressaltou que tudo isso é fruto, infelizmente, de um “analfabetismo ambiental que a vida urbana vem trazendo para as pessoas. Produtos que mantêm vínculo com o meio ambiente ou aspectos regeneradores da natureza – como pode ser o caso dos orgânicos – têm um papel formador na mudança de cultura e de hábitos de consumo”. Com essa afirmação Young reforçou a necessidade das pessoas se conectarem com a origem, as formas de produção de cada item de consumo e colocou como central a educação para sustentabilidade – dentro e fora da escola.

Engajar para mudar comportamento
Ricardo Abramovay lembrou que é necessário valorizar o lado positivo da sustentabilidade para promover mudanças. “Não podemos cair num discurso moralista e diabolizante com relação ao consumo. Em um país com tanta desigualdade social como o Brasil, o consumo em muitos casos ainda significa cidadania. As pessoas só recuam no consumo quando têm acesso a alternativas que lhes permitam uma vida pessoal melhor, que valorizem a vida em comum e uma relação regenerativa com a natureza”, destacou.

Mattar ressaltou ainda a importância das redes digitais e da circulação em grande quantidade das informações. “O peso das redes sociais é imenso e de grande otimismo para mudança de comportamento. A rede é densidade de informação na veia. Quando essa troca densa de informações foca na solução de um problema temos resultados incríveis”, afirmou.

Solucionando desafios reais
Após os debates da manhã os participantes do evento foram divididos em grupos para buscar soluções para três desafios reais, conduzidos pela ponteAponte, usando a metodologia do Design Thinking. O Instituto Akatu conduziu o desafio sobre uso consciente da água. A startup Alinha trabalhou moda sustentável em uniformes escolares e o Grupo Pão de Açúcar buscou soluções para o consumo sustentável de pescado.

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