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03.12.10 às 15:16

Vida nova para o carro elétrico

Novo modelo da Fiat já circula em Itaipu
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Em 1996, foi lançado na Califórnia, nos Estados Unidos, o primeiro carro elétrico contemporâneo desenvolvido por uma grande montadora, o EV-1, da GM. O carro ficou famoso ao ser testado por algumas estrelas como Tom Hanks e Mel Gibson, e motivou o desenvolvimento de outros veículos elétricos, mas híbridos, como o Prius, da Toyota, ainda na ativa.

Pouco tempo depois de seu lançamento, porém, o carro foi retirado do mercado pela própria GM.  Segundo informou a montadora à época, o responsável pela “morte” do EV-1 foi o mercado consumidor norte-americano, que não aceitou a novidade movida à eletricidade. De acordo com a empresa, uma lista de espera do carro que começou com 5.000 clientes interessados no momento de seu lançamento, acabou com apenas 50 consumidores que efetivamente queriam comprá-lo.

Agora, mais de 15 anos depois da experiência malograda do EV-1, a Fiat anuncia o lançamento do Palio elétrico, ainda em fase de projeto experimental. O novo modelo é o resultado da parceria entre a Fiat, a usina hidrelétrica de Itaipu, a controladora de hidrelétricas suíças Kraftwerke Oberhasli (KWO), empresas de tecnologia, concessionárias de energia elétrica e instituições de pesquisa do Brasil, Paraguai e Suíça.

Todas essas empresas e instituições estão unidas no Projeto Veículo Elétrico, que pretende desenvolver um carro movido à eletricidade com 450 km de autonomia, velocidade máxima de 150 km/hora e tempo de recarga da bateria de 20 minutos. O protótipo desse veículo elétrico já roda na área da Usina de Itaipu que deve adquirir mais 20 unidades nos próximos cinco anos. O novo modelo também despertou o interesse da CPFL Energia (Companhia Paulista de Força e Luz), que adquiriu um Palio elétrico usado no trabalho de fiscalização do Parque do Ibirapuera, informou a assessoria da Fiat.

O modelo atual, porém, ainda está longe das metas e apresenta limitações para a comercialização em larga escala, servindo apenas para atender nichos específicos, composto por pequenas frotas com a necessidade de percorrer distâncias curtas, como acontece com os veículos das companhias elétricas, por exemplo.

“O Palio Elétrico não tem a pretensão de substituir o carro com motor à combustão, pelo menos no curto prazo”, explica Guilherme Pena, assessor de comunicação da Fiat. Por isso o caráter experimental do projeto que pretende investir na pesquisa dos motores elétricos, de modo geral, propondo soluções para o futuro.

Os principais problemas dos elétricos existentes hoje são a sua autonomia, a dificuldade de atingir uma escala de produção que garanta um preço competitivo de mercado, além do peso e tamanho da bateria.

A autonomia é uma dificuldade que também foi enfrentada pelo EV-1, da GM. No caso do novo Palio, a distância percorrida sem precisar recarregar, é de até 120 km, enquanto a velocidade máxima é de 110 km/h. “O carro vai até Santos e chegando lá terá que ser carregado novamente. Se a viagem for até Ribeirão Preto, a recarga terá que acontecer no meio do caminho”, exemplifica Pena. O Palio elétrico tem uma entrada de tomada no lugar onde hoje se localiza o tanque de gasolina que pode ser ligada a qualquer fonte de 110 ou 220 volts, e a recarga necessita de oito horas.

A bateria é o ponto crucial de todos os veículos movidos à eletricidade. Isso por que para ter desempenho e potência semelhante aos carros com motor à combustão, é preciso colocar uma bateria que, ainda hoje, é grande e pesada – o que limita o desenvolvimento de modelos que interessem aos consumidores. No novo Palio a bateria pesa 100 kg, suficiente para o seu propósito de percorrer pequenas distâncias, com bom desempenho.

Como condição adicional para conseguir comercializar o carro elétrico em larga escala, seria preciso baixar seu custo de produção. Hoje a versão elétrica ainda custa 40% mais cara que as tradicionais.

Os ventos que impulsionam a nova tentativa de investimento nos carros elétricos vêm da preocupação, por parte da indústria, com o meio ambiente, seja com a poluição atmosférica ou com o aquecimento global. “O veículo elétrico é mais uma alternativa para ajudar a diversificar a matriz energética nos transportes”, descreve Pena.

Segundo dados do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU), os automóveis são responsáveis por 20% das emissões de gás carbônico, em todo mundo. No Brasil, de acordo com o Ministério de Ciências e Tecnologia,  o desmatamento e as queimadas respondam por cerca de 75% do total das emissões, chegando a cerca 780 milhões de toneladas de CO2 (em 1994). Já as as emissões do setor energético (incluindo geração de eletricidade e uso de combustível) representam 23% do total, estimadas em cerca 240 milhões de toneladas de CO2. Desse volume,, 40% referem-se ao consumo de combustíveis no transporte.

O carro elétrico, por outro lado, concentra emissões somente no momento da geração primária de energia elétrica que, no Brasil, vem basicamente das usinas hidrelétricas, com baixa emissão de gases causadores do efeito estufa, quando em comparação à outras fontes de energia.

No caso do Brasil, a geração hidrelétrica é responsável por cerca de 80% da produção de energia elétrica. E a emissão de gases de efeito estufa pelo sistema elétrico no país é em média 0,02 tonelada de carbono por MWh, bastante baixa se comparada, por exemplo, com o emitido com o uso do carvão mineral, que provoca emissão de 0,36 tonelada de  carbono por MWh, segundo dados da Iniciativa Verde.

Resta agora saber se o moderno Palio conseguirá redimir o velho EV-1, ao apostar novamente nos modelos elétricos. Ainda que o modelo atual tenha alcance limitado, as pesquisas continuam e a perspectiva parece positiva.

O consumidor atual terá a excelente oportunidade de fazer uma escolha em que espera-se que analise os impactos, positivos e negativos, e decidir qual será o combustível de seu próximo veículo em função do maior impacto positivo e o menor impacto negativo sobre a sociedade, o meio ambiente e a economia. Escolher um carro que utilize energia renovável e de baixo impacto negativo será sempre uma decisão na direção certa.

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