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24.12.10 às 0:49

Universidade da ONU pede proteção do Pantanal

Maior sistema de áreas alagadas do planeta está ameaçado pelo aquecimento global; agricultura e pecuária têm impacto na região
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Comentário Akatu: As mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global são graves e muito difíceis de serem revertidas. Entretanto, os atos de consumo consciente colaboram para minimizar o problema. Evitar o desperdício água e de alimentos é extremamente importante, assim como não emitir grandes quantidades de gases-estufa na atmosfera, dando preferência ao transporte público ou a bicicletas, e não comprar produtos sem selo de certificação ambiental.

Embora a escassez de água ainda não tenha chegado ao Pantanal, a Universidade das Nações Unidas (UNU), com sede em Tóquio, aproveitou o 22 de Março, Dia Mundial da Água, para pedir proteção ao bioma, o maior sistema de áreas alagadas do planeta. Com 165 mil quilômetros quadrados de superfície inundada durante os meses de seca (uma área maior do que o Ceará), o Pantanal presta uma série de serviços ambientais fundamentais para a sustentabilidade climática e socioeconômica da região. A intensificação do aquecimento global e a pressão do agronegócio, entretanto, ameaçam suspender parte desses benefícios.

Com aumento de 3º C a 4º C na temperatura média da Terra, 85% das áreas alagadas do planeta (incluindo o Pantanal) poderão desaparecer, segundo a UNU. O que poderá intensificar ainda mais as mudanças climáticas, já que esses ecossistemas guardam cerca de um sexto de todo o carbono estocado em reservatórios terrestres. “Se o Pantanal seca, em vez de seqüestrar carbono, ele passa a ser um emissor”, diz o pró-reitor de pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso, Paulo Teixeira, que coordena em parceria com a UNU o Programa Ambiental Regional do Pantanal (Prep).

O carbono está estocado na vegetação e no resto da matéria orgânica do solo. Se essa biomassa é alterada ou destruída, esse carbono volta para atmosfera e contribui para a intensificação do efeito estufa. A situação, segundo Teixeira, ainda não se agravou. Mas os pesquisadores cobram maior atenção (e mais recursos para pesquisa) para evitar o início de um ciclo vicioso. “Por ser um ecossistema bastante frágil, qualquer mudança no sistema hidrológico pode causar problemas”, diz o cientista. “É o tipo de coisa que começa devagarinho, mas de repente chega um ponto na curva em que não tem mais retorno.”

Enquanto os impactos das mudanças climáticas não aparecem, os da pressão socioeconômica já são claramente sentidos. A agricultura e pecuária praticadas nos arredores lançam agrotóxicos nos rios e contribuem para o assoreamento dos cursos d’água que alimentam a planície alagada. “Os maiores problemas ambientais do Pantanal vêm de fora, não de dentro do bioma”, diz Teixeira. Ele aponta ainda que o gado pantaneiro perdeu competitividade no mercado e está sumindo da região. “Esse gado come e pisoteia a grama. Com a saída dele, você tem muito capim na época de seca, o que aumenta risco de fogo.”

As informações científicas sobre o Pantanal ainda são escassas, apesar dos esforços. Este ano, segundo Teixeira, o Prep deverá reunir especialistas sobre mudanças climáticas para fazer um prognóstico mais detalhado no bioma.

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