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31.12.10 às 10:27

Um homem do bem

Um pouco da vida de Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu
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Aos 55 anos, Helio Mattar é um empresário diferente. Para ganhar o sustento de sua família, tem 50% de participação no restaurante Arábia e dá consultoria para duas empresas, a GE-Dako, da qual já foi presidente, e a Faber-Castell – um trabalho que faz há mais de 20 anos. Ah! E também dá aulas no curso de MBA Executivo da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo.

Seu currículo lhe permitiria ser executivo bem-pago em qualquer empresa, brasileira ou multinacional. Engenheiro de Produção formado pela Escola Politécnica da USP, pôde fazer mestrado em Planejamento Econômico e doutorado em Gerenciamento e Engenharia Industrial, ambos na Universidade de Stanford dos Estados Unidos. Para estudar, foi bolsista da Fulbright e da Fapesp.

Voluntário –O que consome mesmo seu tempo e sua alma é a criação de projetos e programas em duas organizações não-governamentais: a Fundação Abrinq e o Instituto Akatu. Como diretor-presidente voluntário dessas duas instituições, ele trabalha horas a fio, dá palestras, e foi ao Fórum Econômico Mundial em Davos.

“Sempre tive consciência de que devo muito aos que vieram antes de mim”, diz. O seu ímpeto para fazer um mundo melhor começou em 1985, quando fundou a Sociedade Brasileira de Planejamento Empresarial com outros cinco amigos, companheiros de luta até hoje: Oded Grajew, Emerson Kapaz, Guilherme e Sérgio Mindlin.

Nunca mais parou. Ajudou a fundar o Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE), entrou na Fundação Abrinq – pouco depois de sua fundação, em 1994 – como conselheiro e, junto com seus cinco companheiros, fundou os institutos Ethos e Akatu.

Consciência – Hélio Mattar mostra que a economia pode se transformar em ponto de partida para o bem-estar do homem.

Consistente, profundo, inteligente, suas análises garantem boas surpresas:

– Ninguém é independente. Necessitamos, no mínimo, o afeto dos outros. Nem o grande patrimônio existe por si – precisa de pessoas comprando, vendendo, trabalhando. Portanto, nenhum de nós pode ser arrogante de dizer que é independente ou self-made man.

O trabalho inicial no Akatu é fazer com que o consumidor compreenda o que é uma empresa socialmente responsável e valorize as empresas mais socialmente responsáveis. “Hoje, existem aquelas que estão caminhando mais rapidamente nesta direção e setores que caminham mais ou menos”, explica.

Numa pesquisa feita pelo Akatu, descobriu-se que 55% dos consumidores se preocupam com qualidade, 52% com preço e 28% com o meio ambiente. “Isso quer dizer que quase um terço dos consumidores – número alto – está atento”, diz.

“Ainda é uma atitude que não se transforma em ação.” Assim, o Instituto começou a fazer campanhas para despertar três questões: a água, a energia e a reciclagem, que estão mais próximas. “O consumidor vai descobrir o seu poder, na ação cotidiana, para transformar o mundo”, aposta.

Poder comum –O que é consumo consciente? É saber que a gente pode economizar água, energia e também reciclar, de forma a aproveitar melhor os recursos. “Cada vez que você e mais seis amigos fecharem a torneira ao escovar os dentes vão economizar 122 litros de água tratada”, calcula. “É o suficiente para atender às exigências diárias de uma criança.”

Para satisfazer as necessidades de água, materiais e energia dos mais de 6 bilhões de seres humanos que hoje vivem na Terra, são consumidos 40% a mais do que o planeta pode oferecer. Ou seja: seriam necessários quatro planetas Terra para sustentar 6 bilhões de seres humanos.

Hélio Mattar explica:

– O consumidor tem escolha: reduzir, reutilizar, reciclar, consumir diferentemente. Com esse outro consumo, é possível manter o bem-estar e cuidar do meio ambiente. É um equilíbrio de três pés: bem-estar do consumidor, preservação ambiental e a necessidade social.

Dia-a-dia –Como presidente de uma ONG, Hélio Mattar faz a ponte entre o conselho e o corpo das instituições. É ele quem propõe estratégias, desenha as linhas de ação e garante que sejam implementadas.

“Funciona como uma sociedade anônima: temos que medir resultados, usar recursos com eficiência”, diz. “A forma de gerir, embora parecida, tem outros tempos, porque a transformação social é mais demorada.”

Perseguindo metas, balanços anuais e recursos para manter os programas funcionando – como o “Sou mais nós”, do Akatu – Hélio não descuida de sua família.

Homem assumidamente caseiro, ele adora poesia, música e leitura. Para completar, é ele mesmo quem escreve os textos que acompanham informativos de ambas as ONGs, além de palestras e artigos publicados em jornal.

Companheiro de Cristina, e pai orgulhoso de Laura e dos gêmeos Ricardo e Fernando, Hélio divide a vida entre o trabalho e a casa de praia, onde também trabalha, mas tem mais tempo para curtir a família.

Este senhor sério, mas sorridente, tem um sonho para o Brasil: que esta pátria seja uma mãe gentil para todos os brasileiros e tenha um pai que defina, de fato, os limites – ou seja, as direções da ética, compaixão e justiça.

“A corrupção é exagerada, o interesse público, efetivamente, não é defendido com força pelos que estão no governo”, diz o ex-secretário de política industrial do Ministério do Desenvolvimento (entre 1999 e 2000), confiante de que o País começa a trilhar um rumo mais justo, graças aos compromissos do novo governo.

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