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06.12.10 às 11:30

Temperatura média do ar no Brasil pode subir mais de 1ºC até 2100

Especialistas afirmam que temperatura deve aumentar mesmo em "cenário otimista", por conta do aquecimento global
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O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) entregou recentemente ao Ministério do Meio Ambiente um relatório detalhado sobre as mudanças climáticas provocadas pelo o aquecimento global em território brasileiro.

O estudo “Mudanças Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira” reafirma a necessidade de se fazer algo para combater o aquecimento global. Até o final do século XXI, o fenômeno poderá transformar regiões do Nordeste em desertos, trazer tempestades violentas no Sudeste e no Sul, diminuir o volume de água nos rios da Amazônia, aumentar os casos de dengue e malária e causar perdas de áreas costeiras  por conta da elevação do nível dos mares.

O estudo avaliou dois cenários. Um mais otimista, em que todos se mobilizam para combater o problema imediatamente, e outro mais pessimista, em que as emissões de gases de efeito estufa continuam aumentando. O resultado apresentado foi que, mesmo no cenário mais otimista, a temperatura vai aumentar ainda mais em todo o país até 2100.

Uma das primeiras constatações do documento é que o aumento da temperatura já está em curso. Na região Sudeste, por exemplo, o percentual de noites quentes aumentou de 5% para 35% entre a década de 1950 e 2000.

Já a temperatura média do ar no País, hoje em torno de 25ºC, pode chegar a 26,3ºC no cenário mais otimista e 28,9ºC no cenário mais pessimista. Isso pode provocar o aumento dos casos como de dengue e malária, uma vez que os insetos transmissores encontram mais facilidade em se reproduzir em ambientes quentes. E também aumenta o risco de se contrair, por água contaminada, doenças como cólera e salmonela.

O documento aponta também a possibilidade de aumento da ocorrência de doenças respiratórias, devido à baixa umidade no ar, especialmente no Cerrado e no Nordeste, bem como da ocorrência de mortes, especialmente de idosos e crianças, devido ao calor.

No cenário com mais emissões de CO2, a Amazônia teria um aumento médio de temperatura de 5,3ºC, o Nordeste de 4ºC, o Pantanal de 4,6ºC e o Sul e Sudeste de 3,5ºC. No cenário em que as emissões de CO2 diminuem em relação aos níveis atuais, o aumento pode chegar a 3ºC na Amazônia, 2,2ºC no Nordeste, 3,4ºC no Pantanal e 2,3ºC no Sul e Sudeste.

Essas elevações de temperatura podem causar a diminuição do volume de águas nos rios da Amazônia, de 15% a 20%. Com isso, o regime de chuvas na região poderá ser alterado, reduzindo o volume de chuvas e tendo um efeito que pode se estender também ao Sul e Sudeste. Além disso, os problemas de alagamento nas grandes cidades poderão  tornar-se ainda mais graves.

Na costa brasileira, a elevação do nível do mar pode chegar até meio metro. Essa elevação do nível do oceano Atlântico pode afetar 42 milhões de pessoas que vivem nessas áreas, ou 25% da população brasileira. O documento observou a tendência de aumento do nível do mar a uma taxa de 40 centímetros por século (4 milímetros por ano) nas últimas décadas.

Consumo Consciente
O estudo é mais um alerta de que o aquecimento global é um problema que afeta a todos e de que seus efeitos não envolvem apenas aspectos ambientais, mas também sociais e econômicos. Apesar de a mudança climática representar um grave problema mundial e sua solução envolver governos e grandes empresas, os consumidores também têm  um papel muito importante para suavizar os impactos do fenômeno.

Um exemplo de ação simples é comer menos carne ou procurar saber a sua origem, indagando às empresas que produzem ou distribuem o produto. Ao comer carne sem onde o gado foi criado, o consumidor poderá contribuir, mesmo que inadvertidamente,  para o desmatamento da Amazônia, uma vez que uma parcela considerável da produção brasileira de carne bovina é realizada em áreas de desmate da floresta Amazônica.

No Brasil, desmatamentos e queimadas são responsáveis por 75% das emissões de gases de efeito estufa, colocando o país em 4º lugar no ranking dos países que mais emitem CO2. A derrubada de cerca de 20.000 quilômetros quadrados de floresta, aproximadamente o que ocorreu no ano de 2005, provoca o equivalente à emissão de 200 milhões de toneladas de carbono, uma emissão maior do que a de todos os carros brasileiros juntos.

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