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30.11.16 às 12:19

Documentário da ONU discute papel dos homens na luta pela igualdade de gênero

Precisamos falar com os homens? Uma jornada pela igualdade de gênero procura aproximar público masculino do debate

Há muito tempo, a desigualdade entre gêneros não precisa de qualquer reflexão filosófica para ser constatada. Basta observar alguns números: no Brasil, mulheres têm remunerações em média 30% menores que as dos homens; essa diferença cresce para 61% na comparação entre mulheres negras e homens brancos; no Congresso Nacional, apenas 10% das representantes são mulheres; ao longo da vida, uma de cada três mulheres sofre ao menos um tipo de violência.

Foram números como esses que levaram a ONU Mulheres a realizar uma pesquisa nacional buscando entender como os homens podem se juntar ao diálogo pela igualdade de gênero. Viabilizada pelo Grupo Boticário e produzida pelo Papo de Homem, a pesquisa resultou no documentário “Precisamos falar com os homens? Uma jornada pela igualdade de gênero”, que ajuda a colocar questionamentos para os homens sobre como fazer sua parte na questão e também identifica a percepção das mulheres sobre o papel masculino na sociedade, “apontando as principais tensões culturais que geram sofrimento e desigualdade entre os gêneros”.

Segundo a ONU Mulheres, as pesquisas qualitativa e quantitativa foram feitas ao longo de um ano e passaram por todas as regiões do país, entrevistando mais de 20 mil brasileiros e brasileiras para mapear atitudes e crenças, além de conversar com especialistas e estudiosos de gênero. O resultado aparece de duas formas no filme: por um lado, dados baseados nas respostas à pesquisa quantitativa mostram com números “como homens e mulheres entendem as limitações e potenciais de ambos na busca das próprias identidades”; por outro, os personagens selecionados mostram por meio do relato de suas experiências pessoais como essas limitações e potenciais se manifestam no dia a dia da vida.

Um dos pontos principais é o destaque à forma como as crianças são educadas, com expectativas bem estabelecidas para cada gênero. Crianças ouvem desde cedo que “homem não leva desaforo pra casa”, “a prioridade da mulher é a casa e os filhos”, “mulher decente não usa roupa curta”, etc. No caso específico dos meninos, o comportamento incutido desde cedo ainda traz aspectos como a naturalização da violência e do assédio às mulheres como algo normal na vida masculina. Uma (des)educação que parece não mudar ao longo de décadas e séculos.

Nesse contexto, o documentário mostra a importância de que o feminismo não seja visto como oposto do machismo, já que o primeiro busca a igualdade e o combate às violências (física, sexual, psicológica, patrimonial), enquanto o segundo expressa a superioridade masculina. E, a partir daí, aponta alguns primeiros passos para os homens colaborarem com a equidade de gênero, como questionar atitudes machistas de amigos, não expor materiais íntimos, não expressar preconceitos mascarados de piadas, não subestimar a inteligência das mulheres, etc.

O documentário completo está disponível no vídeo acima e na página da ONU Mulheres, onde também pode ser acessado o estudo completo.

Consumo consciente

As mulheres são maioria em diversos países. No Brasil, por exemplo, são 52% da população. É impossível, portanto, falar de impactos do consumo consciente e de desenvolvimento sustentável sem saber da importância por maior igualdade entre os gêneros. A mais recente pesquisa do Instituto Akatu – Rumo à Sociedade do Bem-Estar, indica que entre as seis práticas mais valorizadas pelo consumidor brasileiro em relação às empresas estão: “remuneração justa que garanta um nível de vida decente, sem diferenciação por idade, gênero ou cor” e “ter programas de promoção da diversidade de gênero, de raça e de idade”.

Além disso, pesquisa de 2011 do Data Popular encomendada pela Editora Abril já mostrava que de 70% a 80% das decisões de consumo no Brasil são tomadas por mulheres, o que significa que o país tem grandes chances de tornar-se mais sustentável e ganhar em qualidade de vida se elas se tornarem consumidoras conscientes.

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