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16.09.13 às 17:34

Pesquisa mostra que 27% dos paulistanos usam carro diariamente

Maioria dos usuários de automóvel diz que trocaria carro por transporte de qualidade
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Comentário Akatu:  O uso excessivo de automóveis piora a qualidade de vida da população, especialmente nas grandes cidades. Tal prática é uma das principais responsáveis pela poluição do ar e pelo aquecimento global, além de ser fonte de poluição sonora e de desperdício de tempo em congestionamentos. Medidas paliativas, como a inspeção veicular e legislações restritivas podem minimizar os impactos do problema, mas apenas o uso consciente do automóvel e a priorização de outras alternativas, como o transporte público, a bicicleta ou a caminhada, podem contribuir para uma solução realmente sustentável e de longo prazo.

“Você deixaria de usar o carro se houvesse boa alternativa de transporte público?” Em resposta a esta pergunta, que integra a pesquisa sobre mobilidade urbana promovida pela Rede Nossa São Paulo e pelo Ibope, 79% dos paulistanos que usam automóvel particular todos os dias ou quase todos os dias disseram sim.

Os resultados do levantamento foram divulgados nesta segunda-feira (16/9), em evento realizado no Sesc Consolação e que marcou o início da Semana da Mobilidade na capital paulista. A pesquisa – intitulada Dia Mundial sem Carro – revelou também que 93% dos entrevistados são favoráveis à ampliação das faixas exclusivas para ônibus, que é uma das principais ações da atual administração municipal na área de transporte. Só 5% se disseram contrários à medida.

Outro dado divulgado mostra que 69% dos paulistanos consideram ruim ou péssima a situação do trânsito na cidade. Um dos motivos para essa avaliação negativa é encontrado na própria pesquisa: o tempo médio gasto pelas pessoas para seus deslocamentos diários pela cidade é de 2 horas e 15 minutos.

Sobre as manifestações que estão ocorrendo no país, 92% se disseram favoráveis aos protestos. Entretanto, 58% ressaltaram que apoiam as atividades, “desde que não prejudiquem o trânsito”.

Em relação ao preço da passagem do transporte público, 34% dos pesquisados concordaram com a proposta de tarifa zero. A maioria (56%), porém, preferiu assinalar a alternativa que propunha a divisão da tarifa, meio a meio, entre o usuário e o governo municipal.

A pesquisa conferiu ainda a opinião dos paulistanos sobre a proposta de utilizar o imposto sobre a gasolina para reduzir o preço da passagem de ônibus. No geral, 53% se mostraram contrários à ideia e 45% foram favoráveis. Entre os que usam carro todos os dias, o apoio à sugestão cai para 35%. Por outro lado, na parte da população que não utiliza automóveis, a adesão à proposta sobe para 53%.

Clique aqui e confira todos os dados da pesquisa Dia Mundial Sem Carro 2013.

Debate sobre os dados do levantamento

Após a apresentação dos dados da pesquisa, feita pelo diretor de Negócios do IBOPE, Hélio Gastaldi, foi realizado um debate com a participação do secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, do promotor de Justiça de Habitação e Urbanismo, Maurício Antonio Ribeiro Lopes, do vereador Paulo Fiorilo, presidente da CPI dos Transportes da Câmara Municipal, e da diretora presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade, Evangelina Vormittag.

No debate, mediado por Maurício Broinizi, coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo, os participantes puderam avaliar os resultados do levantamento e responder perguntas do público.

“Já implantamos 170 quilômetros de faixas exclusivas de ônibus e nosso objetivo é chegar a 220 quilômetros até o final do ano”, informou o secretário Jilmar Tatto, que se mostrou satisfeito com o resultado da pesquisa. “Fiquei muito feliz com a aprovação da população para as faixas de ônibus”, afirmou.

A prioridade da Prefeitura, segundo ele, continuará sendo o transporte coletivo.

O dado da pesquisa que mais impressionou o promotor Maurício Lopes, de acordo com suas próprias palavras, foi o tempo médio gasto pelo paulistano em seus deslocamentos diários (2 horas e 15 minutos). “É absolutamente inaceitável que tenhamos esse desperdício de tempo, o que significa dizer de qualidade de vida”, criticou.

Na avaliação do promotor, a proposta para o futuro Plano Diretor Estratégico da cidade, que deverá ser encaminhada pelo prefeito à Câmara Municipal nos próximos dias, poderá significar mudanças positivas para a mobilidade urbana. “Vejo com grande satisfação que o novo plano pretende inibir os grandes bolsões de moradia na periferia cidade e, com isso, reduzir a necessidade de deslocamentos diários na cidade.”

Paulo Fiorilo, vereador que preside a CPI dos Transportes na Câmara Municipal, destacou a necessidade de um transporte público de qualidade, para que as pessoas tenham mais segurança ao deixar de usar carros. “Ainda não estamos nesse patamar”, reconheceu.

Em relação à CPI, o parlamentar destacou que todas as informações e os documentos estão disponíveis no site do Legislativo paulistano. Uma das questões em debate na comissão, segundo Fiorilo, é transformar os dados da planilha de custo dos ônibus em algo de fácil acesso e compreensão para a populaçao. “A planilha foi criada há 30 anos, de técnico para técnicos”, justificou.

Coube à Evangelina Vormittag, diretora presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade, relatar alguns dos graves problemas causados pelos automóveis. “Em 2011, 4.655 pessoas morreram na cidade de São Paulo em consequências de doenças cardiorrespiratórias e de câncer do pulmão, como resultado da poluição atmosférica, ou seja, de material particulado liberado principalmente pelos carros.” O número, de acordo com ela, foi três vezes maior do que o de mortes causadas por acidente de trânsito (1.556) no mesmo período.

Evangelina defendeu a necessidade da inspeção veicular em toda a região metropolitana de São Paulo. “Se 100% da frota de veículos a diesel da região fosse inspecionada, evitaríamos 1.560 mortes e 4 mil internações anuais”, argumentou.

Ao final do debate, o coordenador da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo, Maurício Broinizi, explicou que, desde a primeira edição da pesquisa (em 2007), todas as gestões municipais têm sido convidadas para participar dos eventos de lançamento dos dados. “Estamos conversando, ano a ano, com todos os secretários de Transportes que passaram pela Prefeitura, colocando os dados à disposição e cobrando a elaboração do Plano de Mobilidade para a cidade”, lembrou.

Em seguida, ele voltou a demandar do poder público municipal “a elaboração de um Plano de Mobilidade Urbana de curto, médio e longo prazo”. Para Broinizi, é preciso que a administração invista na realização dos estudos necessários à construção do plano. “Se não fizermos isso, vamos cometer os mesmos erros anteriores, quando não houve planejamento do sistema de transporte”, lamentou.

 

Clique aqui para ler a notícia original, publicada pela Rede Nossa São Paulo.

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