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30.07.18 às 12:01

Pesquisa Akatu 2018: acadêmicos debatem os principais resultados

Os acadêmicos que estiverem envolvidos na elaboração da pesquisa fizeram parte do segundo bloco do evento de lançamento do estudo e analisaram parte dos resultados

Uma mesa de debate entre os acadêmicos envolvidos no processo de elaboração da Pesquisa Akatu 2018 foi realizada no evento de lançamento do estudo, realizado no dia 25 de julho no Sesc Consolação, em São Paulo. Aron Belinky, coordenador do programa de Produção e Consumo Sustentáveis do FGVces, Kavita Miadaira, professora doutora da FEA/USP, Karla Mendes, diretora de pesquisa da Quantas (empresa de pesquisa) e Sofia Ferraz, professora doutora da ESPM e da FGV debateram as principais conclusões da pesquisa e responderam às perguntas da plateia, mediados por Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu.

A “Pesquisa Akatu 2018 – Panorama do Consumo Consciente no Brasil: desafios, barreiras e motivações” está em sua quinta edição e investiga a evolução do grau de consciência dos brasileiros no comportamento de consumo, além de indicar os principais desafios, motivações e barreiras à prática do consumo consciente.

A pesquisadora Karla Mendes começou o debate pontuando que os resultados da pesquisa refletem o momento atual em que o país se encontra. “É a partir dessa perspectiva que podemos entender a diferença marcante entre os caminhos da sustentabilidade e do consumo. Para mim, dois exemplos do cotidiano me fazem entender melhor o contexto: o alto índice de desemprego, que bateu recorde este ano e as mudanças nos hábitos da classe média. Acredito que exista uma exigência maior em tocar o barco, em fazer o que é possível e pautar a vida de modo a garantir que o básico seja garantido, mais do que se preocupar com a questão da sustentabilidade”, disse.

O professor Aron Belinky concordou com a perspectiva da pesquisadora. “Os resultados da pesquisa refletem o momento em que vivemos: existe um sentimento de mau humor na sociedade. É notável que as pessoas estão com maior dificuldade em se engajar com qualquer coisa, está tudo muito penoso e o impacto nos jovens é maior ainda, uma vez que eles estão em seu auge e não são tão resilientes quanto os mais velhos. A maré contra é muito grande e eu levaria isso em conta na análise do perfil dos consumidores conscientes, que são mais velhos”, afirmou.

Nesse sentido, a professora Kavita Miadaira ressaltou que a questão do baixo engajamento e adesão às práticas sustentáveis pelo público jovem é o que mais a preocupa. “Ele são vistos como o motor da mudança na sociedade, eles questionam o status quo. Isso não é um fato apenas no Brasil, em outros países também vemos o consumidor mais velho, mais feminino, e com maior nível de escolaridade ser o mais consciente”, comentou.

O professor também pontuou a necessidade das empresas olharem para a demanda reprimida dos consumidores, que exigem mais informações sobre os produtos que consomem. “Claramente existe um desejo por alguma coisa que não esta sendo entregue. Ainda existe a percepção de que sustentabilidade é uma coisa de cima pra baixo, um papo chato, sobre o que eu devo ou não fazer. Nesse sentido, quem for capaz de oferecer essa demanda reprimida, mesmo que não seja usando um selo sustentável, mas conseguir entregar o que os consumidores desejam, irá se beneficiar. A empresa precisa informar os consumidores do que se trata aquele produto, pode até aproveitar o canal das embalagens e dos rótulos, que já está disponível, mas deve lembrar informar”, concluiu.

A demanda por mais informações a respeito das condutas das empresas também foi pontuada por Karla. “A barreira do esforço mostra que existe um ambiente fértil no desejo pelo caminho sustentável e uma realização de práticas no dia a dia que é bem menor. Os consumidores estão na busca por informação, mas tudo requer esforço e isso vira um obstáculo para os consumidores”, afirmou.

A professora Sofia Ferraz colocou na mesa a questão de os consumidores atrelarem o tema da sustentabilidade somente às questões ambientais. “Apesar da maioria dos consumidores exigirem que as empresas atuem fortemente na questão social, a maioria ainda atrela o termo sustentabilidade às condutas ambientais. É preciso repensar a comunicação das empresas e entender qual a forma mais efetiva delas se comunicarem com o público indicando suas práticas sustentáveis e atrelando também às questões sociais”, disse.

Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu

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