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30.12.10 às 5:24

Palestrantes fazem relação entre interesses individuais e sustentabilidade

Samyra Crespo, Ladislau Dowbor e Nilton Bonder destacaram a necessidade de reflexão e questionamento sobre as relações dos indivíduos com o dinheiro e o crédito
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Participaram do evento de lançamento da Série Temática Consumo Consciente do Dinheiro e do Crédito, além de uma platéia de cerca de 250 pessoas, o rabino Nilton Bonder, a cientista social Samyra Crespo e o professor de economia da PUC/SP Ladislau Dowbor, que apresentaram palestras para tentar responder à questão: “É possível conciliar os interesses econômicos e os objetivos individuais de prosperidade com a sustentabilidade planetária? Como fazer isso?”, de diferentes perspectivas.

Para Samyra Crespo, a melhor alternativa para desacelerar o processo de degradação das condições de vida no planeta por conta dos padrões atuais de consumo é uma conciliação entre políticas públicas de indução e eco eficiência das empresas e o consumo consciente. “Não há como parar um trem em movimento. É preciso desacelerá-lo antes, para que não provoque nenhum dano aos seus ocupantes”.

Para Samyra, um dos caminhos para se conciliar os interesses econômicos à sustentabilidade planetária é a oferta de créditos vantajosos para os modelos de produção que impactam a sociedade e o meio ambiente de maneira positiva. “É preciso ter crédito bom para os modelos sustentáveis e crédito severo para os sistemas poluentes”, conclui Samyra.

A existência do ter

Em sua apresentação, Nilton Bonder explicou que o consumo, em suas variadas formas, é a própria razão da existência, portanto, não há necessidade de encontrar uma malignidade, nem neste ato, nem no dinheiro em si. O problema, diz ele, é que a sociedade atual valoriza a posse e não municia as pessoas de uma reflexão. “O consumo e a posse estão ligados à identidade das pessoas. Mas precisamos perceber que o ‘não ter’, quando é uma opção, também faz parte de nossa personalidade, de nossa identidade”, diz ele.

Bonder afirma que os modos de produção e consumo atuais estão nos levando para a inviabilidade deste estilo de vida – não só na escassez de recursos, mas também no sentimento de infelicidade das pessoas. “Existe aquele famoso ditado “tempo é dinheiro”. Mas quando o ser humano se dá conta, muitas vezes, que sua maior carência é de tempo, então talvez devamos refletir se vale à pena converter todo nosso tempo em dinheiro”.

Crédito para o desenvolvimento

Conforme Ladislau Dowbor, querer prover a família e a si de bens é um ato legítimo. No entanto, ele sugere algumas reflexões sobre esse sistema. Segundo ele, além de ensinar as pessoas a tomarem crédito e planejarem seu orçamento, por outro lado é necessário incluir 60 milhões de pessoas no Brasil que estão fora do sistema administrativo. “É preciso diminuir o “gap”, a distância que existe entre as diferentes classes sociais”. Ladislau reforça a necessidade de micro crédito que ajude na inclusão social e melhora da qualidade de vida das pessoas. Segundo ele, é preciso “resgatar a cidadania econômica do brasileiro”.

Outro ponto de reflexão é sobre a aquisição de bens ou “acessos”. “Em São Paulo [por causa da quantidade de automóveis nas ruas] estamos andando a uma média de 14 quilômetros por hora – a mesma velocidade das charretes dos séculos passados. Estamos parados por excesso de meios de transporte”, exemplifica o professor Dowbor.

Uso da série temática

Para Marcelo Martinelli, vice-presidente de Vendas e Distribuição do Banco ibi, que também esteve presente no evento, as publicações são uma ferramenta bastante prática. “É uma iniciativa importante para nossos consumidores. O projeto trará um impacto efetivo em nossos clientes”.

Márcio Fujimura, gerente de Inteligência de Negócios e Marketing do Grupo VR, também acredita que as publicações devem impactar de forma positiva os consumidores. “O povo brasileiro ainda não teve tempo de adquirir a cultura do crédito”, disse ele, citando o presidente do Grupo VR, Cláudio Szajman.

“Essa série passa a ser uma ferramenta importantíssima com a qual o banco Real começará a utilizar”, afirmou Maria Luiza Pinto, diretora executiva da Área de Educação e Desenvolvimento Sustentável do Banco Real. “O desafio de oferecer crédito a todos foi superado. Hoje, nosso grande desafio é a educação de como se utilizar o crédito de maneira sustentável”, disse ela.

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