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28.12.10 às 10:50

Os 4 As do estilo de vida no mundo sustentável

O Instituto Akatu propõe que se reflita sobre a possibilidade de contribuição de cada um, indivíduo ou empresa, à construção da sustentabilidade da vida no planeta
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Ao olhar para o mundo em busca de novos caminhos, nada mais natural do que cada indivíduo ter seus próprios objetivos e trilhar rumos que julgue corretos. Nem todos precisam seguir a mesma direção, mas existem consensos. Um deles é que o cenário ambiental está precisando de atenção. E o período é oportuno para tratar o tema.

O Dia do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, é uma data importante como emblemática das preocupações mundiais. E o Consumo Consciente é certamente uma forma de abordagem voltada a ações positivas em favor da sustentabilidade da vida no planeta.

Em diversas pesquisas, o Instituto Akatu tem identificado a emergência de um novo comportamento de consumo, voltado à construção de uma sociedade sustentável. Isto se deve às mudanças em três importantes paradigmas na vida do consumidor, todas levando a uma maior insegurança: a mudança no mercado de trabalho, voltada a uma maior flexibilização do mesmo; a mudança na visão sobre os recursos naturais, levando à percepção de que podem faltar ainda no decorrer desta geração; a mudança na proteção do Estado, com a redução da rede de proteção social.

Frente a essa forte sensação de insegurança, uma nova busca pode se iniciar na vida das pessoas. Como? Interagindo com a realidade de maneira crítica e consciente, reconhecendo-se como parte do problema e da solução, e, nesse sentido, sendo, de fato e de forma consistente, um líder na construção positiva de um cenário de mudanças.

A crise atual certamente extrapola o aspecto econômico, dado que reflete, sobretudo, a insustentabilidade do atual padrão de consumo. E esse padrão se conecta aos elementos centrais da sociedade contemporânea, constituindo-se como elemento formador da identidade e dos padrões de sociabilidade.

Há, entretanto, limites ambientais, sociais e mesmo econômicos claramente colocados ao atual modelo de consumo e que levam à necessidade de repensar este modelo e os objetivos aos quais ele atende.

No processo de repensar esse modelo, o papel dos líderes de opinião se destaca, na medida em que influenciam amplamente os comportamentos da sociedade, sendo, dessa forma, capazes de induzir soluções em escala. Soluções que sigam na direção de ”parar de fazer download” dos padrões tradicionais de consumo e repensem, a partir de novos padrões, como interagir com o todo da sociedade e do meio ambiente em busca de impactos mais positivos.

Para isso, é fundamental que cada consumidor seja induzido a refletir sobre o que é realmente importante em sua vida e, como decorrência, sobre ao que o seu padrão de consumo deve responder. Esta mudança é o centro do comportamento de consumo consciente.

A busca por um padrão de consumo que permita contribuir para a sustentabilidade da vida no planeta passa por uma reflexão sobre o que realmente importa, o que de fato traz felicidade, o que é essencial para a vida, colocando o consumo em seu devido e importante lugar de instrumento de bem estar, e dando lugar à busca pela felicidade nos afetos, nas amizades, nos amores, na arte – os 4 As de um modo de vida sustentável – como o centro de uma vida que tenha um sentido transcendente e voltada ao que realmente importa.

Nesse processo, é preciso aprender a ouvir de forma mais profunda e mais em contato com as próprias emoções, em busca de um caminho em que o consumo material deixa de ser o centro da vida e dá lugar a uma existência plena de sentido nos relacionamentos e na expressão das emoções e sentimentos, plena de autoconsciência e autoconhecimento, e integrada ao coletivo da humanidade pelo que há de mais humano.

Ao interromper nossas ações rotineiras e “desacelerar”, nos tornamos mais conscientes da motivação para nossas ações frente ao que realmente importa na vida. Passamos a agir de maneira mais integrada a nós mesmos, ao mundo humano e a tudo o que é manifestação do milagre da vida.

Talvez seja essa a alavanca mais poderosa da liderança de nossa época, tornando cada indivíduo o líder de um movimento que se inicia nele próprio e se expande por toda a comunidade que o cerca. Sentir, ir aos lugares, presenciar, observar, aquietar-se, conectar-se com a fonte do conhecimento interior e permitir que nasça um novo sentido para a vida.

O que isso significa na vida das empresas? Nem sempre as empresas se dão o tempo para definir claramente o que está se passando, e planejar e implementar decisões em uma direção de impactos dirigidos à sustentabilidade. Por outro lado, dado que a sustentabilidade vai em direção oposta à cultura vigente, este exercício contínuo de reflexão é absolutamente necessário.

Uma das maneiras de fazer isso é as empresas dialogarem com os seus stakeholders, com os públicos com que se relacionam. No entanto, este é um caminho que poucos, no mercado, estão seriamente seguindo.

É este diálogo que humaniza a relação da empresa com seus públicos e permite o tempo e o espaço de reflexão sobre os reais impactos, positivos e negativos, que a empresa está causando na sociedade e no meio ambiente.

Ao mesmo tempo, gera credibilidade quanto a real motivação da empresa em suas ações de sustentabilidade, ajudando os diversos públicos a perceber a seriedade de propósitos, mas, principalmente, os princípios e valores éticos que baseiam cada uma das ações da empresa voltadas à sustentabilidade.

Se, de um lado, essa ação confirmará aos diversos públicos um padrão ético confiável, de outro possibilitará à empresa o espaço e o tempo de reflexão sobre sua ação como agente social e ambiental a partir dos impactos causados por suas atividades. Com uma vantagem adicional: em um mundo da visibilidade e transparência, os públicos com os quais a empresa se relaciona serão a melhor mídia para falar sobre as reais características da empresa, com credibilidade e isenção. Isso é fundamental para a empresa, dado que, nesse mundo da transparência, sua reputação será definida, cada vez mais, pelo que os diversos públicos interessados falam da empresa, do que pelo que a empresa diz de si mesma.

Nesses diálogos, é fundamental a transparência ao contar o que se acredita fazer bem, o que se acredita ser necessário melhorar e o que se acredita ser necessário iniciar a fazer. Revelar a fraqueza gera credibilidade, o que não é fácil para as empresas, que tendem a ser o reino da força e não da fragilidade. Revelar a fraqueza humaniza a relação com os públicos, aproxima a empresa da realidade vivida por cada público, orienta sobre o que é realmente importante na sociedade.

Certamente, é um experimento novo, com todos os riscos do novo. No entanto, se não for por outra razão, vale a pena arriscar frente à perplexidade vigente quanto ao como se diferenciar competitivamente. No mundo da transparência e da comoditização de produtos e serviços, a qualidade do relacionamento com cada um dos públicos definirá a adesão, ou não, desses públicos à marca da empresa como representante de crenças e valores éticos com os quais o consumidor se identifica.

A questão que se coloca é que a efetividade dessas ações não se dá no curto prazo. O retorno é medido no médio e longo prazo. No entanto, a construção da reputação se dá, de fato, no longo prazo. Assim, é apenas natural que o diálogo contínuo com os públicos interessados deva ser considerado como um investimento cujos resultados são graduais. Por outro lado, são resultados seguros e poderosos como nenhuma outra diferenciação competitiva.

O mês em que se comemora o Dia do Meio Ambiente é certamente uma oportunidade para pensar na construção dessa nova cultura, mais integrada às preocupações dos diversos públicos e mais sintonizada com os reais problemas contemporâneos.

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