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17.02.12 às 18:01

“Copa de 2014 vai acelerar adesão ao consumo responsável”

“Evento dará visibilidade a práticas sustentáveis”, diz Claudio Langone, que coordena ações do Ministério do Esporte para fazer do mundial um evento verde
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Faltam pouco mais de dois anos para o Brasil acolher a Copa do Mundo de Futebol, o segundo maior evento esportivo do planeta (ela perde apenas para os Jogos Olímpicos, que serão realizados 24 meses depois, apenas na cidade do Rio de Janeiro). Estádios, hotéis, aeroportos, sistemas de transporte estão sendo restruturados em pelo menos 12 cidades, que acolherão os jogos do evento. Atento aos diversos impactos econômicos, sociais e ambientais gerados por tamanhas transformações nos centros urbanos, o Governo Federal criou, em 2010, a Câmara Temática Nacional do Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014 (CTEMAS), ligada aos Ministérios do Esporte e do Meio Ambiente.

O Akatu conversou com Claudio Langone, coordenador da CTEMAS. Ele falou sobre as atividades do grupo para fazer da Copa de 2014 um evento mais sustentável, com o intuito de que ela deixe um legado consistente para a melhoria da qualidade de vida no Brasil. “Queremos aproveitar um evento mundial realizado no nosso país para dar visibilidade a práticas e comportamentos alinhados com os preceitos de uma sociedade sustentável”.

Confira os principais trechos da entrevista.

Instituto Akatu – Com que intenção o governo federal criou a Câmara Temática Nacional do Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014 e quais suas atribuições?
Claudio Langone – Ao todo foram criadas nove câmaras correspondentes a áreas consideradas fundamentais para que a realização do evento esteja em sintonia com a agenda do Governo Federal. Uma delas é a do meio ambiente e sustentabilidade. Nossas ações se propõem a identificar, detalhar, discutir e viabilizar iniciativas que estejam relacionadas a cinco núcleos de projetos temáticos que consideramos prioritários:
1) certificar os estádios, garantindo que neles sejam incorporados práticas de construção e gestão sustentável;
2) estimular a produção e consumo de produtos orgânicos e sustentáveis durante o evento;
3) criar os parques da copa e reestruturar reservas ambientais nas regiões em que ela acontece;
4) estimular a coleta seletiva de resíduos; e
5) inventariar as emissões de gases gerados pelas atividades que estejam direta e indiretamente ligadas aos jogos da Copa 2014 e articular estratégias para sua neutralização.

Instituto Akatu – E como estão sendo implementadas essas ações?
Claudio Langone – São 12 cidades sede da Copa 2014 e, obviamente, para colocar em prática essa agenda é preciso adesão e protagonismo muito fortes dos governos estaduais e municipais envolvidos. Por isso mesmo, instalamos os Comitês Organizadores Locais, que permitem que a Câmara Nacional discuta as grandes linhas e diretrizes das ações a serem executadas, envolvendo sempre os três níveis de governo.

Instituto Akatu – Há adesão das cidades sede?
Claudio Langone – Há sim. Já foram instalados Comitês Locais nas cidades sede. Hoje já temos 11, falta apenas o de Brasília.

Instituto Akatu – O senhor afirmou recentemente que a Câmara vai promover ou estimular a produção e o consumo de alimentos orgânicos durante a Copa. Como isso será feito?
Claudio Langone – Temos interesse em que as dietas das delegações, os coquetéis e as recepções da organização sejam feitos com base de produtos orgânicos certificados. Para isso, basicamente estamos estimulando e viabilizando processos que gerem compras a contratações sustentáveis. A ideia é que as aquisições dos alimentos para a Copa priorizem alimentos orgânicos certificados ou de agricultores familiares. Para isso, vamos levar em consideração os selos que já existem no país. É uma questão de sistematizar a logística de produção e distribuição. Isso já está sendo feito em coordenação com Comitês Organizadores Locais que estão trabalhando com os produtores.

Instituto Akatu – E os estádios?
Claudio Langone – Nós vamos ter no Brasil a primeira copa do mundo com todos os estádios participantes certificados como selos de construção sustentável. São arenas que já preveem, entre outros, sistemas de gestão sustentáveis de resíduos, exploração de fontes alternativas de energia, o uso e reuso da água e até mesmo a criação de alternativas mais sustentáveis de transporte para permitir o acesso aos estádios de bicicleta, por exemplo.

Instituto AkatuO consumidor, a sociedade e a economia do Brasil, de que forma são beneficiados por essas ações?
Claudio Langone – Todas as atividades da Câmara estão orientadas para provocar uma mudança do comportamento dos consumidores e dos cidadãos em geral. Queremos aproveitar um evento mundial realizado no nosso país para dar visibilidade a práticas e comportamentos alinhados com a sustentabilidade. Essas práticas vão demonstrar os benefícios de uma alimentação sustentável, por exemplo. Ou seja, queremos que os 3,5 milhões de turistas nacionais e os 600 mil estrangeiros sejam uma vitrine positiva dessas práticas. Esperamos que os brasileiros reproduzam esses valores durante e depois da copa.

Instituto Akatu – Seria esse um dos legados da Copa de 2014?
Claudio Langone – Nosso propósito ao adotar iniciativas consistentes é justamente criar esse legado. Vemos a Copa de 2014 como uma plataforma que pode acelerar o processo de consumo responsável e de hábitos mais sustentáveis entre os brasileiros. Acreditamos que sem a Copa, ou se não aproveitássemos esse evento para chamar atenção das pessoas, esse processo demoraria mais para acontecer. Mas repito que tudo isso depende da mudança de comportamento, de valores. É preciso, por exemplo, uma mudança do comportamento do torcedor em relação aos equipamentos do estádio. É preciso que ele se sinta corresponsável pela preservação daquele patrimônio.

Instituto Akatu – Teremos então uma Copa mais sustentável que as anteriores?
Claudio Langone – Não estamos sozinhos nesse processo. Atualmente, já estamos trabalhando com quase 400 instituições, entre elas, a própria Fifa. Nossa expectativa é de realizar um evento com padrões de sustentabilidade superiores às últimas duas edições. Já estamos caminhando para isso, principalmente se considerarmos que a própria Fifa faz diversas recomendações para que os eventos sejam sustentáveis e nós estamos seguindo a todas, mesmo elas não sendo obrigatórias. Estamos no caminho certo para realizar um grande evento.

Instituto Akatu – Os Jogos Olímpicos serão realizados dois anos depois, também aqui no Brasil, no Rio de Janeiro…
Claudio Langone – … Já fomos procurados tanto pelos organizadores das olimpíadas do Rio, como pelos da Rio+20. Estamos trabalhando em conjunto para que algumas das iniciativas adotadas na Copa possam ser sistematizadas e adaptadas para serem implementadas também nos Jogos Olímpicos. Esse é outro legado que a Copa de 2014 vai gerar.

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