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01.12.10 às 11:18

O projeto ‘Rumo à Credibilidade 2010’ elege os melhores relatórios de sustentabilidade do Brasil

Publicado pela Global Reporters, esta segunda edição do projeto contou com o Instituto Akatu
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Acaba de ser lançado o relatório Rumo à Credibilidade 2010, que coloca em evidência os melhores relatórios empresariais de sustentabilidade do país lançados no período entre 2009 e julho de 2010. Publicado pela Global Reporters, esta segunda edição do projeto contou com Hélio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, no conselho consultivo.

A primeira edição do relatório é de 2008. Mattar foi um dos responsáveis por supervisionar grande parte do processo de pesquisa do documento, garantindo sua imparcialidade. “Verificações externas contribuem para aumentar a credibilidade dos relatórios e consequentemente, a confiança do público interessado”, diz Mattar.

Os outros avaliadores de Rumo à Credibilidade 2010 foram Celso Funcia Lemme, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cristina Montenegro, representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) no Brasil, Gláucia Térreo, representante da Global Reporting Initiative (GRI) no Brasil, e Pedro Mäder Meloni, principal advisor do International Finance Corporation (IFC) na América Latina e Caribe.

A empresa que obteve a primeira colocação entre os dez melhores relatórios do Brasil foi a Natura, preenchendo 65% dos requisitos para se alcançar a excelência em credibilidade exigida pela Global Reporters. Atrás da empresa de cosméticos aparecem Sabesp (51%), Celulose Irani (50%), EDP (49%), Vale (46%), Coelce (45%), Itaú (44%), Ampla (43%), Even (42%) e Light (42%).

As corporações foram avaliadas em 29 quesitos, divididos em quatro dimensões: governança e estratégia; gestão; apresentação do desempenho; e acessibilidade.

Apenas 16 relatórios dos 137 documentos recebidos foram submetidos aos quesitos da Global Reporters. Os documentos descartados não corresponderam a um dos diversos critérios da pré-seleção, como declaração da alta administração e avaliação de desempenho em desenvolvimento sustentável.

Os classificados

A lista dos dez melhores relatórios vai desde o máximo de 65%, atingido pela Natura, até o mínimo de 42%, atingidos tanto pela construtora Even quanto pela empresa do ramo de energia elétrica Light. Em 2008, a Natura também conquistou a primeira colocação entre os melhores relatórios do país, porém com desempenho de 54%; 11 pontos a menos do que o registrado neste ano. A pontuação de 65% da empresa de cosméticos foi responsável por elevar o nível da competição, prova disso é que a Sabesp, empresa que ficou em segundo lugar no Rumo à Credibilidade 2010, alcançou 51% dos quesitos avaliados, 14 pontos a menos que a Natura.

As empresas que aparecem pela primeira vez na lista dos dez melhores relatórios são Vale, Even e Light. As corporações que estavam no ranking de 2008 e saíram da lista deste ano foram Suzano Petroquímica, Banco Real e Bunge.

As dimensões avaliadas

Governança e estratégia

O levantamento de governança e estratégia implica no grau de eficácia com que cada empresa articula sua visão de negócios em relação ao desenvolvimento sustentável. Neste quesito, o conselho consultivo levou em consideração o que se esperava encontrar no relatório de cada empresa, de acordo com seu setor específico. Enquanto que para a Natura um dos itens aguardados pelo júri era que o relatório apresentado levantasse questões relacionadas aos impactos de extração de sua matéria-prima e a biodiversidade, para a avaliação do relatório da Sabesp, o esperado era a apresentação do comprometimento da empresa com a universalização do acesso ao serviço de saneamento, e assim por diante.

 

 

Gestão

A observação sobre a gestão pretende compreender como uma empresa trabalha para gerenciar e melhorar seu desempenho e ser sustentável ao mesmo tempo. A avaliação deste critério releva aspectos como relação com investidores, políticas públicas, filantropia e investimento social. A Vale, por exemplo, informou em seu relatório como gerencia os impactos sociais nas comunidades onde opera. A mineradora descreve como trabalha com diferentes organizações locais e órgãos do governo para selecionar investimentos com intuito de promover desenvolvimentos social e econômico.

 

 

Apresentação do desempenho

Para a analisar os quesitos desta dimensão, o conselho consultivo analisou a solidez e a relevância dos indicadores de desempenho selecionados pela empresa em seus relatórios, tendo como base os dados reais verificados e a estratégia declarada para tentar alcançar os fins pretendidos. Uma das boas avaliações conquistadas neste quesito foi por parte da Natura. A empresa de cosméticos definiu medidas de impactos ambientais, sociais e econômicos, mostrou o desempenho conquistado nas diferentes áreas e explicou as razões para cada um dos indicadores apontados.

 

 

Acessibilidade e verificação

Esta dimensão testa a veracidade das informações apresentadas nos relatórios por meio da demonstração de que o conteúdo apresentado tem dados confiáveis e passou por análises externas independentes. Nesta dimensão é avaliada ainda a escrita do relatório, que determina se o futuro leitor terá pela frente um texto acessível ou não. O Itaú é um exemplo de boa pratica na dimensão de acessibilidade e verificação.

A empresa percebeu que as diferentes partes envolvidas pedem diferentes tipos de garantias e, portanto, diferentes pontos de observação. Clientes e investidores esperam que as informações sobre sustentabilidade sejam analisadas de forma semelhante aos dados financeiros; assim a auditoria internacional PwC foi utilizada para verificar o relatório.

Já ONGs e outras entidades da sociedade civil envolvidas esperam participar mais ativamente da elaboração dos relatórios. Desta forma, o Itaú convocou a BSD Consulting para realizar uma auditoria especializada em sustentabilidade, que incluiu consultas aos usuários ativos do Itaú na internet. Os clientes participaram do processo dizendo o que achavam a respeito dos diversos serviços da empresa.

 

 

Comparações com o relatório de 2008

Comparando-se com a primeira edição realizada no Brasil em 2008, a lista de relatórios recebidos para a avaliação da Global Reporters aumentou de 73 para 137, em 2010. “O número demonstra que as empresas querem ser mais transparentes”, avaliou Clarissa Lins, diretora executiva da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e coordenadora do projeto.

No entanto, a qualidade do que é apresentado por essas organizações ainda é regular. Embora os relatórios selecionados neste ano tenham um desempenho melhor do que os apresentados em 2008 (a Natura, primeira colocada nas duas edições, passou de 51% para 65% em sua pontuação), a média geral de avanço na qualidade dos relatórios foi de apenas 1%, de 47% para 48%.

Apesar da constatação, o principal advisor do International Finance Corporation (IFC) na América Latina e Caribe, Pedro Meloni, garante que se trata de um momento inicial: “Primeiro há a quantidade, depois a qualidade.” As empresas, na visão dele, passam a se expor mais e, a partir do momento que são cobradas, a qualidade tende a aumentar.

“Relatório de sustentabilidade não é apenas uma publicação, mas uma ferramenta de gestão. É muito importante que as empresas sejam transparentes a ponto de reportar não só as conquistas, mas também os problemas, fracassos e planos de melhoria”, considerou o diretor-presidente do Instituto Akatu, Hélio Mattar, integrante do conselho consultivo de Rumo à Credibilidade 2010.

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