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31.12.10 às 11:46

O modelo de gestão empresarial e a responsabilidade social

Ao se organizar para um trabalho social, as empresas devem estabelecer um foco, por Elcio Anibal de Lucca
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Há muito as empresas buscam modelos para definir suas atuações e estabelecer programas próprios no âmbito da responsabilidade social. Cabe destacar que as bem sucedidas experiências empresarias destacadas pela mídia, sobretudo durante todo o Ano Internacional do Voluntariado, ampliaram a conscientização de que as empresas são agentes determinantes na iniciativa de se atenuar as diferenças sociais.

Ao se organizar para um trabalho social, as empresas devem estabelecer um foco, pois suas atitudes não devem ter como objetivo (ou pretensão) a substituição das empreitadas de porte macro – que são obrigação do Estado-, devem representar uma contribuição dirigida às enormes carências da coletividade e para a preservação do meio ambiente. A falta desse foco pulveriza as ações sociais da empresa, tornando-as sem vínculos de identificação organizacional e emocional com seus executores, no caso, os funcionários. Isso pode acabar sendo entendido apenas como patrocínio, o que desvirtua o sentido da responsabilidade social.

Foco faz parte do modelo de gestão. Muitas vezes ao abordar temas não diretamente ligados ao core business da empresa, sobretudo aqueles que envolvem práticas cidadãs, os administradores não se atentam à necessidade de um modelo de gestão para tratá-los.

A responsabilidade social não deve ser interpretada como peça à parte do modelo de gestão da empresa. Deve ser sua extensão.

A uniformidade das práticas de gestão, tanto para os negócios como para a responsabilidade social, é o que diferencia uma empresa-cidadã, no stricto sensu, daquelas que praticam atividades sociais sem maiores compromissos. É transformar e consolidar seus programas sociais em processos, com referenciais de qualidade, de produtividade, de desempenho e de melhoria contínua, dentre outros.

A responsabilidade social passa cada vez mais a ser compreendida como estratégia empresarial. A multivariedade de suas formas facilita a adequação e a conformidade com o modelo de gestão praticado e a cultura organizacional, considerados também os valores compartilhados.

Um modelo sustentável de responsabilidade social é aquele que a empresa define em seu planejamento estratégico, pois a empresa-cidadã incorpora o relacionamento com seus stakeholders, com a comunidade em geral e a defesa do meio ambiente no cotidiano de suas atividades. É a cidadania empresarial fundamentada no comprometimento organizacional.

Para ilustrar a importância crescente da responsabilidade social, os Critérios de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade dedicam um tópico de avaliação exclusivo para o tema? Interação com a sociedade? Assim, como parte do modelo de gestão, a responsabilidade social deve buscar a excelência.

Dessa forma, a criação de mecanismos que permitam dimensionar e comparar as ações sociais corporativas, por meio de indicadores, é uma tendência que reforça a qualidade dos modelos de gestão.

A prática da cidadania empresarial deve ser estruturada e ao mesmo tempo funcional, o que amplia a sinergia com o negócio da empresa, une competências e otimiza recursos.

A profissionalização do terceiro setor é uma realidade. As universidades mais renomadas do País estão lançando cursos de formação de gestores para o segmento, buscando capacitá-los para agir de modo empresarial sobre os recursos disponíveis.

Como há longo tempo ocorre nos países mais desenvolvidos, de forma consistente e sistêmica, a cidadania empresarial brasileira está expandindo sua contribuição para a redução das disparidades sociais, que deve ser administrada com competência, qualidade e visão gerencial para garantir a regularidade das ações comunitárias e assistir parcela maior da população socialmente excluída.

Essa conduta aliada aos projetos governamentais, caracteristicamente de maior envergadura, formam a estratégia mais sensata para o resgate da dívida social.

Elcio Anibal de Luccaé membro do Conselho Fiscal do Instituto Akatu e presidente da Serasa.

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