Comentário Akatu: A noção de que, a longo prazo, proteger a natureza é muito mais valioso do que depredá-la em troca de lucro rápido está cada vez mais evidente. Consumidores conscientes sabem disso e, por meio de suas escolhas de consumo, apóiam empresas ambientalmente responsáveis.
Gastos para proteger o meio ambiente, sejam em recifes de corais ou florestas, podem gerar enormes dividendos para auxiliar a campanha mundial contra a pobreza, disse um relatório patrocinado pela ONU e divulgado na semana passada.
O estudo sugere que as florestas podem ser mais valiosas de pé do que sendo devastadas para dar espaço a plantações, porque as árvores absorvem os gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.
O texto estima serem necessários investimentos anuais de 60 a 90 bilhões de dólares nos próximos 10 a 15 anos, a fim de atingir a meta global de reduzir pela metade a proporção de seres humanos que vivem com menos de um dólar por dia — atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas.
Outros 80 bilhões de dólares anuais seriam necessários para limitar o aquecimento global, muito ligado à queima de combustíveis em carros, usinas e fábricas, nos próximos 50 anos.
Uma vez que o investimento seja feito, cada dólar gasto em água e saneamento no Terceiro Mundo, por exemplo, poderia gerar 14 dólares em benefícios como menores gastos com saúde, maior produtividade e mais escolarização.
“A conservação de ecossistemas é eficiente em termos de custos quando se compara aos lucros de curto prazo de atividades ambientalmente nocivas”, diz o texto, citando entre elas a pesca com dinamite, a mineração e o desmatamento.
Cada dólar investido no combate à degradação da terra e à desertificação, como a construção de terraços para conter a erosão, pode gerar pelo menos três dólares em benefícios, segundo o relatório da Parceria Pobreza-Meio Ambiente. E cada dólar gasto na proteção dos recifes de corais pode gerar cinco dólares, advindos do turismo de mergulho e da renovação dos estoques de pesca. As florestas poderiam ter um importante papel na redução do aquecimento, porque as árvores absorvem o dióxido de carbono, principal gás do efeito estufa.
“O potencial de armazenamento ou ‘sequestro’ de carbono das florestas varia de 360 dólares a 2.200 dólares por hectare, o que faz com que valham muito mais do que se convertidas em pastos ou lavouras”, disse o Programa Ambiental da ONU. De acordo com o estudo, será muito mais econômico conservar as florestas do que devastá-las quando o preço do carbono superar os 30 dólares por tonelada.
A ONU tem um mecanismo de compensação de emissões de carbono, pelo qual países que absorvem-no podem vender aos industrializados o direito de poluir. Esse tipo de transação foi iniciado neste ano na União Européia, e a tonelada de carbono está sendo vendida a cerca de 22 euros (27 dólares).
O relatório também aponta outras formas de explorar comercialmente o meio ambiente sem devastá-lo. Cita a experiência de agricultores brasileiros na Amazônia que recorrem a castanhas e frutos da mata quando há problemas na lavoura, o que faz das florestas “uma política de seguros baseada na natureza”.
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