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02.12.10 às 5:19

Famílias com renda acima de R$ 10 mil têm dificuldades para pagar contas

28% das famílias brasileiras nessa faixa ou acima enfrentam dificuldades para fechar orçamento no final do mês
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A professora de línguas, Cristina Pia, 31 anos, é casada com o representante comercial Eduardo Fonseca Souça, 36 anos. Juntos,   o casal é dono de uma renda mensal média de quase R$ 12 mil. Eles alugam um apartamento de 90 metros quadrados em um bairro nobre da capital paulista e estão pagando as parcelas do carro importado.

Mas, apesar do aparente conforto financeiro, eles têm tido difuculades para fechar as contas no final de cada mês.

Segundo Cristina, geralmente nos últimos dias do mês é quase inevitável entrar para o cheque especial. “Por isso, temos que cortar alguns gastos, como roupas mais caras e as saídas constantes que fizemos. Pelo que conseguimos ganhar, não faz sentido recorrermos a cheque especial”.

E não são os únicos. No Brasil, 28% das famílias com rendimentos acima de R$ 10 mil têm dificuldades para pagar as contas mensais, segundo dados da mais recente Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). O estudo, que trás números coletados entre 2008 e 2009, foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento mostrou ainda que 75% das famílias brasileiras têm dificuldades para chegar ao fim do mês com seus rendimentos. O percentual sobe para 88% entre os que recebem até R$ 830 mensais e cai para 28% nas famílias com ganhos superiores a R$ 10.375.

Já entre os que declaram ter muitas dificuldades para fazer com que seus ganhos cheguem até o final do mês, 31,1% são famílias com rendimentos de até R$ 830 e 2,6% entre os que ganham mais de R$ 10.375.

As despesas de moradia, as prestações do carro, as mensalidades da pós-graduação de Eduardo e da escola de seu filho (fruto do seu relacionamento anterior), representam quase 70% do que Cristina e Eduardo ganham por mês. Além disso, os dois quase nunca comem em casa e a professora, que dá aulas em diferentes pontos da cidade por dia, se desloca diariamente de taxi.

“Nós já tomamos consciência que precisamos mudar, ainda mais agora que estou grávida. Precisamos ter nossas cabeças mais tranquilas e começar a desfrutar desse privilégio de ter mais do que a média brasileira”, declara Cristina.

Para Marcelo Segredo, diretor-presidente da Associação Brasileira do Consumidor (ABC), em geral, as pessoas na situação de Cristina e Eduardo são, como muitos brasileiros,  vitimas de uma sociedade que se pauta pelo consumo.

“Se o cidadão observar dentro de sua casa, certamente vai se deparar com produtos que comprou, mas utilizou pouquíssimas vezes.  São produtos que compramos sem a real necessidade de uso, compramos impulsionados pelo marketing agressivo e ilusório”, explica.  “Somos condicionados a comprar o tempo todo, nas ruas, na TV, na internet e não estamos preparados para analisar a real necessidade em adquirir esse ou aquele produto para nosso cotidiano”.

Para sair desse ciclo vicioso, não tem segredo: é preciso atacar o problema em sua essência, descobrindo onde são feitos os principais gastos, inclusive os chamados “pequenos gastos” e a partir daí tentar tapar os buracos, fazendo com que o dinheiro sobre ao final do mês, recomenda Segredo.

Ricardo Oliani, coordenador de Mobilização Comunitária do Instituto Akatu, explica que, em geral, os cortes de pequenas despesas não acarretam sacrifícios nem perdas relevantes na qualidade de vida de uma pessoa de classe média. “E é importante que se tenha consciência de que apenas recomendamos a redução e o consumo com consciência e não a eliminação dos gastos”, alerta.

Uma certeza, pelo menos, o casal já tem: antes mesmo de o filho nascer, eles estarão morando em uma casa própria e livres do aluguel de mais de R$ 2.200,00, incluindo as despesas de condomínio. “Vamos pagar muito menos e por algo que será nosso”.

Abaixo, veja mais algumas dicas do Akatu que podem ajudar você a elaborar um orçamento familiar e reduzir os gastos, fazendo com que suas contas caibam dentro de sua renda:

1. Aprenda e faça um orçamento familiar

2. Preste atenção nos pequenos gastos, eles podem ser a solução

3. Se tiver que comprar, não deixe de negociar os preços

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