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15.12.10 às 4:18

Estudo diz que a soja empurra o boi para a floresta

Estudo de ONG mostra que grandes áreas da floresta amazônica estão sendo desmatadas para virarem pasto, por causa da expansão das plantações de soja
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Comentário Akatu: Esta aceleração do desmatamento da floresta amazônica é grave, não apenas por comprometer a diversidade ambiental do Brasil, mas também por contribuir para o aquecimento global. A derrubada de florestas impede o seqüestro de gás carbônico pelas árvores, causando efeito estufa. É preciso buscar um equilíbrio entre as atividades agropecuárias e a proteção do meio ambiente. Debata este assunto em sua comunidade.

A pecuária vai na frente, e a soja vem logo atrás. É assim que vêm sendo devoradas, nos últimos anos, grandes faixas da floresta amazônica, principalmente na região onde estão situados os Estados de Mato Grosso e Rondônia.

Foi isso que constatou um estudo divulgado pelo Fórum Brasileiro das ONGs, que mostrou que, na Amazônia, a expansão do cultivo de soja está empurrando a pecuária para as áreas da floresta, especialmente nos dois Estados localizados na borda Sul da região.

O estudo das organizações não-governamentais também demonstrou que o tempo de conversão de uma área de floresta para pastagem ou lavoura está encurtando para dois a três anos, em comparação aos cinco a seis anos apontados por estudos anteriores.

Além disso, há ainda uma correlação entre os grandes desmatamentos ilegais e a expansão da agricultura em Mato Grosso, onde 70% dos desmatamentos com mais de 1.350 hectares são usados para agricultura, sendo a soja a principal cultura plantada.

Para esclarecer a relação da soja com a pecuária, que é o grande motor do desmatamento, o estudo fez um cruzamento de dados de diversas fontes, como Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Os dados indicam que, em municípios produtores de soja em Mato Grosso, especialmente na região central do Estado, o rebanho bovino diminuiu, entre 2000 e 2003, à medida que o plantio de soja se expandia. Na outra ponta, os municípios que mais tiveram crescimento de rebanho foram justamente os do norte do Estado, na fronteira com o Pará, dentro da floresta amazônica, além dos do Pantanal.

Segundo Roberto Smeraldi, um dos coordenadores do estudo pela organização não-governamental Amigos da Terra, trata-se de um fenômeno generalizado que ocorreu tanto na BR-163 (rodovia Cuiabá-Santarém), quanto na Chapada dos Parecis. Para Smeraldi, essa redução no rebanho em zonas de soja “vai na contramão da tendência nacional” de aumento no rebanho bovino.

O estudo assinala que de 2002 a 2003, o número de cabeças de gado no país cresceu 5,5%. Somente na região Norte, no entanto, o aumento foi de 11,5%. O fato da valorização das terras pela sojicultura, que é atividade altamente mecanizada e capitalizada, faz com que os pecuaristas abandonem os municípios de fronteira consolidada e adquiram novas terras.

O estudo assinala que, diante da valorização, o pecuarista vende a sua área, se capitaliza e vai para outra região. As áreas já abertas para pastagem viram plantações. E as áreas de floresta viram pastos, já que o capim, diferentemente da soja, se dá bem mesmo em regiões acidentadas e com muita chuva.

Segundo o ambientalista Roberto Smeraldi, “a soja em si não pode ser considerada o fator principal, pois ela é um direcionador e acelerador do desmatamento”. O estudo também aponta cenários para a expansão da soja na região estudada (Rondônia, Pará, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão), que deverá quase triplicar até 2014, passando de 58,2 mil quilômetros quadrados plantados hoje para 170,7 mil quilômetros quadrados.

Na última década, a área de soja no país cresceu 400%. O plantio começou pelo cerrado e migrou nesses dez anos cerca de 500 quilômetros para o norte. No mesmo período, diz o estudo, a área desmatada no Mato Grosso aumentou progressivamente. Entre 2002 e 2003, ela cresceu 133%, segundo dados da Fema, o órgão ambiental estadual.

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