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01.12.10 às 9:14

Ensino à distância: desafios e aprendizagens de um projeto piloto

Professores de uma escola de Natal participam do módulo à distância do Curso de Formação de Professores em Consumo Consciente e Sustentabilidade Ambiental
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Em uma sexta-feira de sol forte em Natal, capital do Rio Grande do Norte, a coordenadora pedagógica e a diretora da Escola Estadual Dióscoro Vale reuniram mais de quinze professores para iniciarem, juntos, o Curso de Formação de Professores em Consumo Consciente no modelo de Ensino à Distância (EAD). Apesar de parecer estranho ter um encontro presencial como parte de um curso cujo princípio é ser à distância, esses professores resolveram iniciar o primeiro módulo juntos, para superar as dificuldades e se ajudar no que lhes parecia um grande desafio.

“Tem que desbloquear pop up”. “É preciso acessar inicialmente o Módulo 1, se vocês tentarem entrar direto nos outros módulos não será possível”. Frases como essas revelavam as dificuldades da era digital, que foram sendo ultrapassadas sem muitos dilemas pelos professores. Eles contaram com a ajuda da Camila Melo, coordenadora do Projeto de Educação para o Consumo Consciente e Sustentabilidade Ambiental, realizado pelo Instituto Akatu em parceria com a HP Brasil.

A Escola Dióscoro Vale fica na periferia de Natal e foi escolhida pela Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Norte para participar do Projeto piloto na modalidade Ensino à Distância. A sala de informática tem 10 computadores conectados à internet e em bom estado.

No Brasil, o Ensino à Distância tem conquistado espaço. Segundo a Associação Brasileira de Educação à Distância, em 2000, 13 cursos superiores reuniram 1.758 alunos. Em 2008, havia 1.752 cursos de graduação e pós-graduação latu sensu com 786.718 matriculados. A modalidade utiliza ambientes virtuais, chats, fóruns e e-mails para unir professores e turmas.

“O EAD ainda é um desafio, e não só para o Akatu. No Brasil, estamos em uma fase experimental desse tipo de ensino e aprendizagem”, acredita Camila Melo, coordenadora do Projeto. O Akatu desenhou este projeto focando na interatividade e na colaboração entre os professores participantes. Segundo Camila, no modelo à distância fica difícil estabelecer vínculos profundos entre as pessoas, pois cada professor trabalha no seu computador. A construção via internet de um Projeto Temático para ser desenvolvido transdisciplinarmente com os alunos parece trabalho mais complexo de que fazer isso presencialmente. “Por outro lado, os professores podem, na plataforma do Curso, ter acesso a conteúdos complementares em quantidade maior do que os professores que participam do Curso presencial”, afirma a coordenadora.

Vencendo as dificuldades do EAD
“Desde que a Secretaria de Educação nos convidou para participar, ficamos encantadas. Já desenvolvemos projetos na área ambiental, mas nunca fizemos um projeto cujo foco é a conscientização para o consumo consciente”, conta Vanusa de Medeiros Araújo, coordenadora pedagógica da Escola Dióscoro Vale. Segundo ela, a maior dificuldade em Natal para a efetividade do Projeto é que alguns professores não têm computador. “Mas, como a escola tem um bom laboratório, resolvemos abrir para os professores usarem aqui. Tivemos uma primeira sensibilização com os consultores do Akatu e todos gostaram muito”, conta. “Agora queremos muito ver o rosto dos alunos no ano que vem, quando puderem utilizar o livro feito para os jovens e participar de um Projeto tão importante”, afirma Vanusa.

Para Camila Melo, apesar das dificuldades inerentes ao modelo à distância, “diferentemente do modelo presencial, temos um grande potencial de dar escala ao Projeto com este formato”.

Na teoria e na prática
Pablo de Araújo, professor de Geografia, afirma que já tinha ouvido falar sobre consumo consciente. “Para mim, consumo consciente é uma troca: você usufrui para o seu próprio bem-estar, mas também pensa em preservar os recursos naturais e não destruir o planeta. É você poder, ao consumir, escolher pelo equilíbrio, ajudando a gerar impactos mais positivos do que negativos”.

A seu modo, Pablo definiu o que para ele é consumo consciente e acrescentou: “a Geografia permite trabalhar com muitos temas que estão na mídia, e por isso os alunos podem se apropriar com mais facilidade. O consumo consciente e o meio ambiente serão temas de muita aderência na teoria e na prática dos alunos”.

Para Pablo, o curso é “fácil pelo fato de ser à distância. Já fiz outros assim e acho muito bom”. Ele acredita que a vantagem de fazer este curso à distância é poder trocar experiências e reflexões regionais com outros professores, de outras escolas que participam do Projeto no Brasil. “Isso se dá por meio dos fóruns na plataforma oferecida pelo Akatu, que é complementar ao curso”, argumenta. Segundo ele, a plataforma oferece um conteúdo interessante, “simples de entender e com tudo muito envolvente”.

Meire Gomes Sardinha é professora de matemática e acredita que consumo consciente e matemática têm muita relação. “Os temas conversam. Podemos tratar dos impactos do consumo, da quantidade de lixo que geramos, mostrar porcentagens de consumo de água”, explica.

Ela diz que quer repensar seus hábitos de consumo e, de alguma maneira, melhorar a sociedade. “Assim, praticando aquilo que penso e falo, quero ser uma multiplicadora para meus alunos”, afirma Meire. “Eu, os professores e toda a equipe pedagógica temos a responsabilidade de formar indivíduos mais conscientes para o futuro, e o Akatu vai nos ajudar a plantar uma semente para um mundo melhor”, acredita.

Como estão as outras escolas
Em Belo Horizonte (MG), Cuiabá (MT), Natal (RN) e Porto Alegre (RS), o Akatu já encerrou as atividades de Formação dos Professores nas Escolas que participam do Modelo Presencial. Em Boa Vista (RO), por conta de uma greve na escola, as atividades serão finalizadas no começo de dezembro.

Faz parte do Projeto a definição, por parte dos professores participantes, de um Projeto Temático que será trabalhado com os alunos em 2010. Nas escolas do Modelo Presencial, os temas escolhidos foram: em Cuiabá, “Qualidade de Vida e Consumo Consciente”, em Natal, “Água”; em Porto Alegre, “Pobreza, desigualdade e consumismo” e em Minas Gerais o tema geral é “Sustentabilidade”, e o sub-tema é “Ter e Ser: consumo e consciência, qual a diferença?”.

O Livro do Aluno e o material de apoio ao professor serão instrumentos de trabalho permanentes durante a execução do Projeto Temático. Os professores das Escolas que participam do Modelo Semipresencial já tiveram um primeiro encontro e continuarão participando dos Fóruns e discussões na Plataforma até a segunda quinzena de dezembro.

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