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12.12.12 às 10:52

Energias renováveis para cidades sustentáveis

“Mundialmente, a maior parte do uso da energia e das emissões de carbono provém de cidades que estão descobrindo modos mais eficientes de gestão, melhorando a qualidade de vida e impactando menos a saúde humana”
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Comentário Akatu: Este artigo traz exemplos de geração de energia renovável, com grande potencial de contribuição a uma matriz energética mais limpa. Será necessário longo tempo para que gradualmente se substituam as energias fósseis por renováveis. Para essa transição e depois dela é cada vez mais importante o papel do consumidor. Consumir energia de forma consciente é optar por fontes mais sustentáveis já existentes e demandar do mercado soluções de qualidade e em quantidade adequadas, além de utilizar o necessário para garantir bem-estar, sem desperdício. Demandar do poder público o apoio ao desenvolvimento de fontes renováveis de energia e à educação para o consumo consciente também são formas de contribuir para um futuro mais sustentável.

 

A palavra sustentável foi usada pela primeira vez como estratégia de equilíbrio para o desenvolvimento urbano por Lester Brown, fundador do WWI-Worldwatch Institute, no início da década de oitenta, para conceituar como sociedade sustentável “aquela capaz de satisfazer as necessidades do presente sem comprometer os direitos das futuras gerações”. Hoje, a urbanização caótica causa um gigantesco ônus à qualidade de vida, à saúde humana e ao ambiente, contribuindo para a instabilidade social, ecológica e econômica, exigindo soluções sustentáveis nas cidades.

Mundialmente, a maior parte do uso da energia e das emissões de carbono provém de cidades que estão descobrindo modos mais eficientes de gestão, melhorando a qualidade de vida e impactando menos a saúde humana. Nos Estados Unidos, cidades aderiram ao Acordo de Proteção ao Clima realizado por governos municipais. Em Nova York, o prefeito Bloomberg, que está cobrando de pedágio urbano, quer fazer da cidade dele a primeira “cidade sustentável do século 21”, usando a renovação do Empire State Building, um ícone da cidade, como exemplo de eficiência energética, construção verde e produção de eletricidade limpa. Em Rizhao, cidade costeira chinesa, de mais de 3 milhões de habitantes, 90% de todas as residências já usam aquecedores de água solares, e o governo local instalou painéis solares para alimentar a iluminação de rua e os semáforos.

Em Tel Aviv, a maior área metropolitana de Israel, toda água usada para banhos e descargas  vai para o maior complexo de tratamento do Oriente Médio, o Shafdan, movido a energia limpa, onde o esgoto é bombeado para dentro da terra e novamente retirado, passando por tratamentos físicos, químicos e biológicos, para ser purificada e recuperada. Os relatórios do WWI, usados em todo o mundo como referência para a sustentabilidade, mostram a eficiência energética e a redução na emissão de gases de efeito estufa a partir de tecnologias de construção: isolamento de tubos, vedação de ar, revestimentos reflexivos de telhado, pigmentos e janelas isolantes, estimando-se que as melhorias na eficiência da construção, com menor teor de emissões, podem levar a uma redução de 41% no uso de energia e uma redução de 70% nas emissões de gases de efeito até 2030.

No Brasil, ações urbanas começam a fazer parte das novas gestões das cidades. No Rio, o projeto “Estudantes pela Sustentabilidade”, é apoiado pela Siemens, uma corporação transnacional que já descobriu que a sustentabilidade faz parte transversalmente dos seus negócios. O projeto, que é desenvolvido na América Latina, região mais urbanizada no mundo em desenvolvimento – um lucrativo locus para os negócios sustentáveis da empresa – reuniu no Brasil equipes de estudantes de diferentes países para desenvolver a próxima geração de líderes em sustentabilidade. São Paulo lançou a campanha “Assina Prefeito”, do Programa Cidades Sustentáveis, visando intensificar a divulgação nas redes sociais para que mais prefeitos tomem conhecimento e assinem a carta compromisso por cidades justas e sustentáveis.

Em Pernambuco, a Cidade da Copa prepara a implantação de uma usina de geração solar fotovoltaica conectada à rede elétrica da Companhia Pernambucana de Energia. Na Bahia, a arrojada Arena Fonte Nova voltará a ser o prédio que mais “vibra” no estado usando o conceito “fonte nova”, que perceberá o filão dos econegócios que está entrando para lançar, por exemplo, tecidos termoelétricos capazes de produzir energia a partir do calor liberado pelo corpo humano durante os  jogos, caminhadas intensas ou na prática de exercícios físicos e, com isso, recarregar celulares e outros aparelhos portáteis. Realidades do dia a dia nesta década.

Um ícone esquecido do Brasil, o cartão postal mundialmente famoso, ainda que localmente mal tratado, o antigo Forte de São Marcelo, na Bahia, conhecido historicamente como o umbigo da America Latina por estar na curva inferior da “barriga” do continente e que atravessou os séculos incólume como capitão-mor do porto da Baia de Todos os Santos, sente diariamente a energia maremotriz, que passa por ele quatro vezes todos os dias durante os fluxos de enchente e vazante, torcendo para que descubram que tanto a energia solar como a energia das marés que chegam ao Forte, se capturadas, podem abastecer a cidade de Salvador. Satisfazendo as necessidades do presente sem comprometer os direitos das futuras gerações, o Forte aguarda, pacientemente, o despertar dos gestores para o potencial sustentável de geração de energia na própria cidade.

Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil.
eduathayde@gmail.com

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