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17.04.17 às 19:36

Dia do Planeta Terra: praticar o consumo consciente também é pensar no menor impacto ambiental

Nos nossos atos cotidianos de consumo, cada um de nós pode ajudar a cuidar dos limitados recursos naturais disponíveis no planeta, pois reverte em nosso próprio bem-estar

“Salvar o planeta” foi o mote dos movimentos ecológicos por muitas décadas. De fato, a beleza da Terra justifica a proteção, mas você já parou para pensar que um ótimo motivo para preservar a natureza é o seu próprio bem-estar? A disponibilidade e a qualidade da água que você bebe, do ar que você respira, do alimento que está na sua mesa dependem do cuidado que todos nós tivermos com os recursos naturais

Mas já entramos no “cheque especial” com a Terra – atualmente, o planeta não consegue regenerar os seus recursos naturais na mesma velocidade de nossas demandas. E, no ritmo de crescimento da população e dos níveis de consumo, o Banco Mundial estima que em 2050 seriam necessárias quase três Terras para dar conta das demandas do nosso estilo atual de vida.

É preciso consumir de forma diferente, para que haja o suficiente, para todos e para sempre. Por isso, no Dia do Planeta Terra (22/4), o Instituto Akatu convida você a conhecer o impacto da ação humana na água, nos oceanos, no solo e nas florestas e como reduzi-lo com a prática do consumo consciente.

Água

Apesar de ser chamada de “Planeta Água”, a Terra tem pouca água doce disponível (2,5% do total de água existente e apenas 1% disponível na superfície). Para se ter ideia, se toda a água do planeta coubesse em uma garrafa de 1 litro, a água doce disponível equivaleria a pouco mais de uma gota.

Além de matar a nossa sede, de servir para o preparo dos alimentos e para a nossa higiene, a água também é um recurso natural indispensável para a produção de produtos industriais e, principalmente, de alimentos. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 70% de toda a água disponível no mundo – que já não é muita – é utilizada para a produção de alimentos.

Isso significa que desperdiçar alimentos representa também um grande desperdício de água. Uma única maçã, por exemplo, consome 125 litros de água para ser produzida, segundo a Waterfootprint, rede multidisciplinar de pesquisadores e empresas que estudam o consumo de água nos processos produtivos. Isso é mais água do que o recomendado pela ONU para o consumo direto residencial de uma pessoa por um dia – tomar banho, cozinhar, lavar louça, escovar os dentes etc. – que são 110 litros.

Nas últimas décadas, o consumo de água cresceu duas vezes mais do que o da população, de acordo com relatório da ONU. Se continuarmos nesse ritmo, em 2030 o mundo enfrentará um déficit no abastecimento de 40%. Este relatório também afirma que há no mundo água suficiente para suprir as necessidades de crescimento do consumo, desde que haja uma mudança dramática no uso, gerenciamento e compartilhamento do recurso.

Por isso, em adição a usar com consciência a água que sai das nossas torneiras, é preciso evitar o desperdício desta “água invisível” utilizada na produção de alimentos e de produtos.

OCEANOS

Toda atividade humana libera gases de efeito estufa (GEE), como o dióxido de carbono e o metano. Isso não seria um problema se não houvesse um acúmulo de GEE na atmosfera, causa do aquecimento global. Nosso estilo de vida causa a emissão de muitos GEE, provenientes da queima de combustíveis fósseis e de outras atividades como a agricultura e pecuária, a decomposição do lixo, a expansão de áreas urbanas ou produtivas e a consequente supressão de vegetação. Uma das principais vítimas do aquecimento global são os oceanos e sua rica vida marinha.

Os oceanos absorvem um percentual alto de dióxido de carbono (CO2) e do calor lançado na atmosfera. A dissolução desse gás nas águas dos oceanos desencadeia a sua acidificação, que prejudica os corais, importante habitat das espécies marinhas. Mesmo que os peixes não estejam no nosso cardápio, todos nós dependemos do equilíbrio marinho, já que ele é fundamental para manter a vida na cadeia alimentar que envolve todos os seres vivos.

Além disso, os oceanos influenciam o clima do planeta: os padrões de chuvas e a temperatura atmosférica estão diretamente ligados à temperatura do mar, ao fluxo das correntes marítimas, à evaporação e massas de ar e umidade. O aquecimento dos mares tem relação com a formação de tempestades, por exemplo.

As mudanças do clima causam mais “eventos climáticos extremos”, como ciclones, chuvas intensas ou secas duradouras, que além de prejudicarem imediatamente os locais atingidos, também comprometem o desenvolvimento de atividades fundamentais como a produção de alimentos e a geração de energia em todo o planeta.

Outro efeito do aquecimento global nos oceanos é a subida do nível do mar pelo derretimento do gelo que se acumula na superfície do polo, consequência do aquecimento da atmosfera e da água, além da radiação solar. O derretimento é um fenômeno natural e recorrente, mas nos últimos anos foi possível notar uma perda de gelo fora do normal quando termina o verão e o gelo se refaz. No Ártico, a cobertura de gelo tem registrado recordes consecutivos de retração no verão.

De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o Painel do Clima da Organização das Nações Unidas, até o fim deste século o nível do mar pode subir até 1 metro – isso se o padrão de emissões de GEE continuar o mesmo.

SOLO E FLORESTAS

Você sabia que apenas um grama de solo saudável contém milhões de organismos? É um ambiente vivo e seu pleno equilíbrio é essencial para a saúde das plantas, dos animais e das pessoas. Além disso, é a maior reserva terrestre de carbono do planeta, que deve ser preservada para evitar a aceleração do aquecimento global.

Porém, práticas insustentáveis de manejo do solo na agricultura e na pecuária, a urbanização, as mudanças climáticas e a poluição têm prejudicado esse recurso tão importante. Atualmente, 33% do solo no mundo estão degradados em nível moderado a alto, sofrendo problemas como erosão, salinização, compactação, acidificação, contaminação química ou falta de nutrientes, segundo a ONU. Além disso, o uso de certos agroquímicos, como os fertilizantes nitrogenados, contribui para a intensificação do aquecimento global.

Mais de 35% das terras (exceto as áreas congeladas) foram convertidas em solos para a agricultura. Neste processo, a vegetação natural é retirada, o que exige um manejo eficaz para evitar que o solo seja degradado. Preservar as florestas é importante não só para proteger o solo, mas para garantir o ciclo da água, o sequestro do carbono (e assim evitar o avanço do aquecimento global) e para preservar a biodiversidade.

Alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais é uma das diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), criados pela ONU para transformar o mundo em que vivemos. Os ODSs apontam para ações globais e locais, como reduzir o desperdício de alimentos e manejar resíduos químicos de maneira responsável. São levantadas possibilidades de práticas para empresas e também para a gestão do Estado, por meio da realização de compras públicas sustentáveis.

Embora a preservação do solo e dos demais recursos naturais dependa bastante das empresas do agronegócio e do governo, é importante que o consumidor consciente tenha em mente que suas escolhas e atos de consumo têm um impacto indireto nessa questão. Cabe à população, além de contribuir com atitudes de consumo consciente no seu dia a dia, pressionar empresas e governos para que sejam divulgadas informações sobre os produtos que são oferecidos no mercado.

Vimos que os oceanos, o solo e a água, indispensáveis para a nossa sobrevivência, estão ameaçados pelos nossos padrões atuais de consumo. Pequenas mudanças nos nossos hábitos podem ajudar a diminuir esse impacto negativo, se praticadas por um número cada vez maior de pessoas ao longo do tempo. Por isso, faça parte dessa força positiva e seja um exemplo para amigos e familiares! Veja a seguir algumas práticas de consumo consciente para reduzir a emissão de GEE e o desperdício de “água invisível”:

  • Não desperdice alimentos. A agropecuária é uma das maiores fontes de emissão de gases de efeito estufa no Brasil e grande consumidora de água.
  • Dê preferência a frutas, verduras e legumes da época; além desses produtos não virem de tão longe e chegarem mais frescos (e, portanto, durarem mais sem estragar), o fato deles serem produzidos em condições climáticas “ideais” para o seu crescimento reduz a necessidade de aplicação de agroquímicos, e muitas vezes são menos impactantes para a saúde dos solos e dos recursos hídricos, por exemplo.
  • Reduza o consumo de carnes vermelhas, nem que seja por um dia na semana. Em seu processo de digestão, bois e vacas emitem metano, um gás mais poderoso que o gás carbônico em relação ao efeito estufa. Além disso, para produzir cada quilo de carne bovina, são consumidos mais de 15 mil litros de água.
  • Consuma produtos produzidos localmente, evitando emissões de GEE com o transporte.
  • Sempre que possível, evite o uso do transporte privado individual. Prefira o transporte público, a bicicleta ou uma caminhada, pelo menos em alguns trechos, que emitem menos GEE que o transporte motorizado individual; se precisar mesmo pegar o carro, procure coordenar caminhos para dar ou pegar carona e otimizar o uso do veículo.
  • Economize energia elétrica, principalmente nos períodos secos, quando é necessário acionar as usinas termoelétricas, que emitem mais GEE.
  • Reflita antes de fazer uma compra: você precisa mesmo disso? A fabricação dos produtos envolve extração e processamento de matéria-prima, uso de água e de energia na produção, além do gasto de combustível no transporte da mercadoria. Todos esses processos causam a emissão de GEE.
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