O uso de energias não-renováveis, como as derivadas de combustíveis fósseis, que são responsáveis pelo acréscimo das emissões de gás carbônico na atmosfera, pode ser reduzido caso os indivíduos ajam de forma consciente no ato de consumo. Pequenas ações do dia-a-dia, como se locomover de bicicleta ou de transporte público (que queima menos combustível por pessoa transportada) têm grande efeito a longo prazo, principalmente se realizadas por muitas pessoas. Com o aquecimento global, a sustentabilidade do homem no planeta é que está ameaçada.
Evitando, quando possível, o transporte movido a combustíveis derivados de petróleo, o consumidor consciente impede que uma grande quantidade de gás carbônico seja liberada para a atmosfera, contribuindo para a suavização do efeito estufa. Se um automóvel fica na garagem um dia por semana, deixa de emitir por ano 440 quilos de gás carbônico na atmosfera (considerando um trajeto de 20 quilômetros), o mesmo que uma árvore de porte grande leva cerca de 20 anos para conseguir absorver. Por isso, é recomendável que as pessoas prefiram a locomoção a pé e de bicicleta. Ou então, utilizem o transporte coletivo para distâncias mais longas, como ônibus e trens.
“Parece pouco por indivíduo, mas quando você totaliza, o efeito final é muito significativo”, diz Thelma Krug, representante brasileira no IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e pesquisadora do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Ela cita como exemplo a possibilidade de apagão no Brasil há alguns anos, quando as pessoas se comprometeram a economizar energia elétrica. “Graças ao esforço coletivo, foi muito menos catastrófico do que poderia ser”.
Outra grande fonte de emissão de gases de efeito estufa é o desmatamento, especialmente em países como o Brasil, onde essa ação responde por 75% das liberações de gás carbônico. No Brasil, o desmatamento é geralmente realizado para promover a abertura de novas áreas de pastagem de gado bovino e cultivo de soja. Além da liberação de CO2 na atmosfera – uma vez que a perda da cobertura florestal libera o carbono que antes estava estocado no solo -, a digestão desses animais libera metano, outro gás responsável pelo aquecimento global.
Pequenas mudanças nos hábitos alimentares das pessoas podem ter um impacto positivo muito grande. Ao comer menos carne vermelha e adotando uma dieta com mais alimentos naturais, por exemplo, o consumidor consciente, além de fazer bem à própria saúde, contribui para reduzir a necessidade de criação de gado. Assim, ele evita o avanço de áreas agrícolas sobre as florestas, inclusive para a produção de soja, que, em sua maior parte, é exportada para servir de ração para os rebanhos bovinos de países europeus.
Prêmio às empresas
O consumidor “premia” ou pune uma empresa ao escolher qual produto vai adquirir ou não. Deixar de comprar um produto porque você não concorda com a conduta praticada pela empresa vai obrigá-la a adotar uma conduta mais justa. Verifique quais empresas têm como parte da produção o reflorestamento, a busca por energias limpas, instalação de equipamentos que reduzam as emissões de gases de efeito estufa por seus produtos. Quando há uma demanda de mercado por essas ações, as empresas passam a atender. Um exemplo é o recente boicote das multinacionais européias à soja produzida em áreas desmatadas da Floresta Amazônica, temendo uma punição por seus consumidores.
No entanto, a primeira ação do ato de consumo consciente é a reflexão sobre os próprios hábitos. O petróleo faz parte da cadeia produtiva de uma grande quantidade de produtos, seja como insumo industrial ou combustível para o maquinário das indústrias de diversos setores. A reflexão pode evitar a compra ou aquisição de muitos produtos desnecessários, como embalagens de plástico.
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