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04.01.11 às 4:26

Como o consumo consciente pode transformar o mundo

É possível fortalecer atitudes justas e generosas
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Somos um. O maior desafio de nossa época é mudar nossa visão de mundo. É perceber que a interdependência é uma lei: a lei da sobrevivência do planeta, do meio ambiente, da sociedade, das organizações, até mesmo dos nossos pequenos grupos familiares. No lugar da independência devemos reconhecer a interdependência e fazer tudo para que a parte de cada um seja cumprida de forma que o todo funcione em benefício de todos. Todos somos um não é um sonho. É uma realidade que devemos reconhecer, estimular e proteger. Somos um indivíduo, um grupo, uma comunidade, um planeta. Estamos todos juntos com a consciência de ser um só.”
(“Somos um”, Hewlett Packard)

O mundo possui grandes desafios em relação à sua forma de encarar a produção e o consumo. A emissão de poluentes na atmosfera, por conta do aumento das atividades produtivas e do consumo nos últimos anos, está gerando uma mudança climática brusca, sem precedentes. Como exemplo, o século XX foi o mais quente dos últimos 600 anos e os anos 80 e 90 foram décadas em que o calor aumentou radicalmente. Chamado de efeito estufa, esse aquecimento global pode inundar países como Holanda e Luxemburgo, além de prejudicar a atividade agrícola.

A questão da água é emblemática. Na Terra, apenas 1% de toda a água pode ser consumida pelo homem. Em 1950, o consumo médio por habitante era de 20 litros ao mês. Hoje é de aproximadamente 250 litros ao mês, sem considerar o desperdício. Considerado o desperdício no sistema de distribuição, estimado pela ONU em 60% da água doce utilizada no mundo, o consumo médio individual chega a 600 litros por mês. Esse aumento é natural. Afinal, melhoraram muito as tecnologias de distribuição e também aumentou enormemente a atividade produtiva.

A água é um recurso não renovável e, caso continue o desperdício, vamos acabar morrendo de sede. Segundo a ONU, em 2025 dois em cada três habitantes do planeta vão passar sede ou estarão sujeitos a doenças graves provocadas pela má qualidade da água. Especialistas acreditam que a escassez pode provocar guerras sem precedentes na história da humanidade.

O efeito estufa e a questão da água são dois grandes problemas a serem enfrentados, mas não os únicos. Para serem solucionados é necessário somar as forças de consumidores, empresas e entidades sociais. Por outro lado, nunca as empresas foram tão poderosas. Hoje, as cinco maiores empresas dos Estados Unidos faturam juntas 60% mais que o PIB brasileiro. E a soma do faturamento das dez maiores corporações do mundo é cerca de 40% maior que o PIB conjunto do Brasil, México, Chile, Argentina, Peru, Colômbia, Venezuela e Uruguai (oito países)! Embora faturamento e PIB não tenham a mesma base de cálculo, não há dúvida que o faturamento é uma expressão do poder das empresas.

Donas de tamanho poder econômico, as empresas podem fazer muito pela sociedade, mas a visibilidade de sua ação social e ambiental é limitada. É necessário divulgar as práticas de responsabilidade social das empresas para que os consumidores valorizem suas ações, motivando-as a uma atividade empresarial ética e compromissada com o social. Os consumidores, por sua vez, demonstram crescente anseio por ação social, mas suas ações estão dispersas.

Além disso, não existe informação suficiente para demonstrar ao consumidor os impactos e as conseqüências do ato de consumo, o que poderia torná-lo mais construtivo para a sociedade. Em resumo, as empresas têm agido positivamente na sociedade, mas precisam de maior visibilidade para que sejam valorizadas pelo consumidor e possam fazer mais. Valorizando e colaborando com empresas socialmente responsáveis, além de se preocupar com a preservação da natureza e do bem-estar da sociedade, os consumidores podem fortalecer atitudes justas e generosas com o planeta. Isso só acontece como fruto da reflexão do consumidor sobre os impactos positivos e negativos do seu ato de consumo. E, ciente do seu poder e papel, o consumidor consciente não desperdiça água, luz, nem qualquer outro produto ou serviço. Induz e colabora com empresas e entidades sociais para que multipliquem e melhorem suas práticas e ações sociais e ambientais, além de animar outros consumidores a serem conscientes. O consumidor consciente é o protagonista na construção de outro mundo, um mundo melhor. É ele que levará a humanidade a fazer do consumo uma atividade positiva e socialmente transformadora.

Helio Mattar é diretor-presidente do Akatu

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