Apesar de programas de coleta seletiva de lixo existirem no Brasil há pelo menos 20 anos, sua presença na realidade dos brasileiros (dos quais cerca de 80% vivem nas cidades) ainda é incipiente. De acordo com dados do IBGE, recolhidos em 2004, somente 2% do lixo produzido no país é coletado seletivamente, enquanto apenas 6% das residências são atendidas por serviços de coleta seletiva, que só existem em 8,2% dos municípios brasileiros.
Em enquete realizada durante o início de 2005 no site do Instituto Akatu, respondida por 1.380 internautas, 40,3% deles afirmaram que não
dispõem de programas de coleta seletiva nas regiões em que vivem, o que faz com que 26% do total deixe de separar seu lixo para reciclagem. Quase um terço (31,4%) encaminha para serviços municipais de coleta, enquanto 16,9% dirigem-se às cooperativas de catadores, e 9,3%, a projetos sociais. Apenas 2% afirmaram que não separam o lixo por considerarem a medida desnecessária.
Mas a medida está longe de ser dispensável. Segundo cálculos do economista Sabetai Calderoni, autor de “Os Bilhões Perdidos no Lixo” (Ed. Humanitas, USP, 1997), só no ano de 1996, a não-reciclagem de lixo desperdiçou R$ 4,6 bilhões, o que na época correspondia a dinheiro suficiente para construir cerca de 460 mil casas populares.
Ainda de acordo com o economista, a implantação e ampliação de programas de coleta seletiva nos municípios podem render até R$ 135 por tonelada de lixo, dinheiro que cobriria gastos operacionais e remuneração dos funcionários envolvidos. Isso significaria também a diminuição dos gastos das prefeituras com coleta, transporte, transbordo e disposição final do lixo domiciliar não-separado.
Além de tudo, a adesão da população à coleta seletiva proporcionaria a obtenção de produtos recicláveis com menor grau de impurezas, o que elevaria seu valor de mercado. Em síntese: não reciclar é jogar dinheiro no lixo, e o consumidor consciente deve cobrar das autoridades (não apenas as municipais, mas também estaduais e federais) uma política inteligente e viável para os resíduos sólidos.
FAÇA A DIFERENÇA
Mesmo que em sua cidade não haja apoio do governo nem programas institucionais estabelecidos, separe o lixo e dirija-se a locais onde haja coleta seletiva, cooperativas de catadores ou entidades beneficentes que recebem materiais recicláveis. Há também a possibilidade de vender esses materiais, desde que sejam levados até um comerciante de sucata.
Para realmente fazer a diferença, o consumidor não deve apenas separar seu lixo e encaminhá-lo aos postos de reciclagem, mas também ter em mente que a reciclagem sozinha não passa de uma medida paliativa; é preciso lembrar dos outros dois “R”: reduzir e reutilizar!
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