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13.12.10 às 10:59

Código de barra identificará café do cerrado

Primeiro certificado de "indicação de procedência" do mundo para cafés é dado para produção de Minas Gerais
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Comentário Akatu: Todo produto alimentício deveria ter uma indicação de procedência que garantisse a qualidade e a segurança do mesmo para o consumidor, além de indicar que a empresa produtora é social e ambientalmente responsável. O fato de o café do cerrado mineiro ter conquistado tal certificação deve servir de exemplo para outros produtos, e o consumidor deve ter em mente que apoiar empresas que investem na responsabilidade social é uma prática de consumo consciente.

A partir deste mês, com uma simples leitura ótica de um código de barra, os distribuidores europeus ou de outras regiões importadores do café do cerrado mineiro vão ter uma rastreabilidade completa do produto que estarão comercializando.

Esse código de barra vai indicar o nome do produtor, a propriedade, o exportador, o importador, o torrefador e as propriedades do café. Isso se tornou possível porque o Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) conferiu à região uma “indicação de procedência” para o café.

O cerrado mineiro é a primeira região no mundo a ser demarcada com uma indicação de procedência, diz Reinaldo Caetano, presidente da Associação dos Cafeicultores de Araguari. Há sete anos a região demarcada do cerrado aguardava por esse certificado, mas as dificuldades do Inpi em estabelecer parâmetros ao certificado, devido ao processo inusitado, justificaram a demora, diz ele.

“A região demarcada do cerrado mineiro, composta por 55 municípios produtores de café, passa a ser receber o status de uma região vinicultora, como a dos Vinhedos no Sul, a de Bordeaux na França, ou a do Porto em Portugal”, diz Reinaldo Caetano, presidente da Associação dos Cafeicultores de Araguari, cuja cidade receberá o primeiro certificado nas próximas semanas.

Caetano diz que essa indicação de procedência para o café é importante porque o mercado consumidor fica cada vez mais exigente. Além disso, ele afirma que, em cinco ou seis anos, essa será uma exigência para todos os produtos alimentares como frutas, carnes e bebidas.

O órgão certificador será o Caccer (Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado). A multinacional suíça SGS, líder mundial em inspeções, testes e certificações, fará a auditoria, verificando se o produtor está cumprindo a “lista de conformidade”. Essa lista é um roteiro do caminho a ser seguido para uma propriedade ser certificada.

Essa lista de conformidade deve indicar a rastreabilidade do produto, com a identificação da gleba de produção, lote de terreiro, herbicidas utilizados, monitoramento fitossanitário, proteção do ambiente e análise laboratorial da qualidade das águas. O produtor deve ter, ainda, um plano de gestão dos resíduos de poluição, coleta seletiva de lixo, programa de saúde do trabalhador e manejo adequado para preservar o ambiente.

O controle de alguns itens sai, inclusive, da própria propriedade. É a verificação, por exemplo, das variedades de mudas utilizadas e a identificação dos viveiros que as produziram. Mas o controle de todos esses itens não conferem necessariamente qualidade ao café. Caetano diz que o produto que não tiver no mínimo 75 pontos na variação sensorial (o máximo são 100 pontos) será rejeitado. A análise sensorial vai indicar aroma, corpo, sabor e acidez do café.

A indicação de origem de procedência é importante porque vai definir as características próprias do café da região, que está localizada em uma altitude média de 1.000 metros e com insolação bastante distribuída durante todo o ano. Esses fatores, mais a temperatura média de 23C, formam um quadro bom para o desempenho da cafeicultura, segundo o presidente da ACA.

Caetano diz que o objetivo dessa certificação é o de agregar valor ao café da região do cerrado. “Isso pode não ocorrer a curto prazo, mas vai acabar agregando renda ao produto.” A vantagem desse certificado é que ele busca inserir também o pequeno produtor na “identificação de procedência”, elevando os ganhos do setor, segundo o presidente da ACA.

Caetano diz que agora o país já tem um modelo de “identificação de procedência”. As exigências e as vantagens dessa certificação serão discutidas na 10ª Fenicafé, que se realiza em Araguari (MG) de 13 a 15 deste mês. Além da discussão sobre o modelo de “indicação de procedência”, serão discutidos na feira temas ligados à agricultura irrigada e apresentadas novas tecnologias em produtos, equipamentos, máquinas e serviços destinados ao setor, diz Caetano.

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