loader image
02.12.10 às 6:49

Brasil lidera vendas pela internet na América Latina

Em 2009, compras online no movimentaram mais de R$ 7 bilhões no país, 61% do valor total desse tipo de comércio na região; liderança brasileira é impulsionada pelo crescente número de novos usuários da rede mundial.
compartilhe
FacebookTwitterLinkedInWhatsAppEmailCopy Link

As compras efetuadas pela internet na América Latina (AL) cresceram 39,2% de 2008 para 2009, movimentando quase R$ 12 bilhões. E a estimativa feita a partir dos números do primeiro trimestre deste ano, indica que o crescimento se mantém em 2010, com alta de 27%, ou seja, um faturamento em torno de R$ 15,2 bilhões.

Os dados são de um estudo encomendado pela empresa de cartões de pagamento Visa e realizado pela AméricaEconomia Intelligence, unidade análises da revista AméricaEconomia. A pesquisa foi feita a partir de informações fornecidas por fontes oficiais de cada país analisado.

O Brasil detém a maior fatia do valor registrado em 2009, consolidando sua liderança na região com 61% (R$ 7,2 bilhões) das transações online no período.  O segundo lugar é ocupado pelo México com 12% (R$ 1,6 bilhão); o Chile aparece na terceira posição com 5% (pouco mais de R$ 500 milhões).

Segundo o levantamento, a vantagem do Brasil em relação aos outros países da AL vem se consolidando pelo crescente número de brasileiros com acesso à internet. Só em 2009, foram registrados 4,4 milhões de novos usuários, totalizando 65,7 milhões de internautas – um a cada três brasileiros.

E a tendência é que esse tipo de negócio aumente cada vez mais. “Nosso cenário conservador é de crescimento de 30% anualmente até 2016 neste segmento”, afirma Gerson Rolim, diretor executivo da Camara-e.net, associação que reúne varejistas que apostam na internet como canal de vendas no Brasil.

O otimismo de Rolim é confirmado pelo planejamento das grandes redes varejistas com atuação no Brasil.

Segundo o estudo, a rede Walmart no Brasil pretende dobrar as vendas digitais de 2009 para este ano. A empresa pretende aumentar oferta de 10 mil itens organizados em 11 categorias vendidos pela internet em 2009 para 100 mil itens, divididos em 21 seções até o final do ano.

O Carrefour também se lançou no mercado brasileiro de comércio eletrônico ao colocar no ar o seu portal de comércio eletrônico no ano passado.

A Nova PontoCom, marca de comércio eletrônico que surge da associação entre o Grupo Pão de Açúcar e a Casas Bahia, ameaça assumir a liderança do varejo online no Brasil. Com vendas estimadas em R$ 500 milhões para 2010, a operação ocupa atualmente a segunda posição do segmento no Brasil, atrás apenas de B2W, o consórcio formado pela integração entre Submarino.com e Lojas Americanas.

Passagens aéreas, com destaque para a companhia aérea Gol, e eletroeletrônicos são os produtos mais comprados pela internet no Brasil, segundo o estudo da AméricaEconomia Intelligence.

Consumo Consciente
Para Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, do ponto de vista de preservação ambiental, é saudável que essa opção de comprar pela internet seja cada vez mais abrangente.

“Além de economizar tempo e dinheiro gastos no deslocamento para comprar determinado produto, os consumidores que optam por comprar pela internet, ajudam a reduzir os impactos ambientais negativos causados pelo excessivo uso de carros e ônibus, que são os meios de transporte mais usados nas grandes cidades” explica.

Devido à queima de combustíveis, carros e ônibus são considerados os maiores emissores de gases de efeito estufa dos grandes centros urbanos, contribuindo deste modo para o aquecimento global.

Mas por outro lado, a internet dispõe cada vez mais de estratégias que buscam atrair o consumidor para a compra. “A falta do contato físico com o produto, que muitas vezes foi apontado como uma das maiores dificuldades de venda pela internet, hoje é compensada pelos vários mecanismos de sedução dos sites de vendas, como a publicidade interativa”, explica o webdesigner Fernando Villas Boas.

Risco de cometer excessos
“Parece que nas compras pela internet, a gente se anima e mede menos as consequências” confirma a jornalista Andréa Soares, 26 anos. A consumidora confessa que já comprou produtos pela internet, mesmo sabendo que não era o momento certo para gastar.

Um dos maiores problemas causados pelas compras feitas de forma inconsciente é o endividamento e, por vezes, a consequente inadimplência.

“Agora vou precisar chegar até o final de outubro pagando apenas as contas básicas e as dívidas que acumulei com o cartão de crédito. Fiz muita besteira”, conta o bibliotecário Marco Nulo Parros, 31 anos. Parros conta que passou a gastar mais do que ganha depois que terminou um namoro de quase cinco anos e passou a morar sozinho. “Na verdade, ela [ex-parceira] é que controlava as despesas quando morávamos juntos.”

Para Tatiana Zambrano Filomensky, psicóloga do Instituto de Psiquiatria da USP, a possibilidade de compra pela internet, que em geral é paga pelo cartão de crédito, potencializa o impulso para a compra inconsciente.

“Em nossos estudos temos observado que o cartão de crédito favorece o descontrole nas compras. Ele tem a capacidade de antecipar o prazer e retardar o desprazer, porque a fatura para o pagamento efetivo chega mais tarde. Diferente do dinheiro vivo, que você tem ou não tem”, analisa a psicóloga.

Para conseguir controlar o orçamento e comprar apenas dentro do limite do orçamento disponível, evitando desperdício de dinheiro e muitas vezes o endividamento, Elaine Toledo, consultora do Instituto Akatu e autora do livro “Saiba mais para gastar menos”, recomenda: “Antes de cada compra, o consumidor deve pensar sobre os últimos dez objetos que comprou e, em seguida, responder às perguntas: ‘o que eles significam para mim? Qual o retorno que eles me deram?’.”

As respostas provavelmente dirão se o dinheiro está sendo gasto devidamente ou não, conclui.

 Inadimplência
Segundo a Serasa Experian, o valor médio das dívidas com os bancos caiu 0,4% no primeiro semestre de 2010 em comparação com o primeiro semestre de 2009. No entanto, cresceram os valores dos cheques sem fundos e as dívidas no cartão de crédito.

Em média, no semestre passado, o brasileiro devia R$ 385,50 no cartão, ante este R$ 378,61 no mesmo período do ano passado. Já os cheques sem fundos saltaram dos R$ 865, em média, em 2009, para R$ 1.228 em 2010.

Ainda segundo a Serasa, a inadimplência, que vem subindo nos últimos meses, deve aumentar no segundo semestre, apesar de não atingir níveis de descontrole.

Mesmo assim, vale a dica do consumo consciente de planejar antes de comprar.

Se você quiser seguir o Akatu no Twitter, clique aqui

compartilhe
FacebookTwitterLinkedInWhatsAppEmailCopy Link

Veja também