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03.12.10 às 14:51

A Última Hora

Akatu promove pré-estreia de documentário sobre aquecimento global, produzido pelo ator Leonardo DiCaprio
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Um clipping mostrando uma série de imagens do planeta Terra e de catástrofes naturais, acompanhadas por uma música melancólica, abre o documentário “A Última Hora”, produzido e apresentado pelo ator Leonardo DiCaprio. O objetivo do filme é discutir as conseqüências das atividades humanas sobre o equilíbrio ecológico, sob diferentes pontos de vista. São 50 cientistas, religiosos, ativistas, pacifistas, líderes políticos, arquitetos e outros profissionais que contam como eles enxergam o momento que atravessamos. Como avaliam o que foi feito, o que está sendo feito e o que ainda se pode fazer. O título original “The 11th hour” (A décima-primeira hora) faz uma alusão ao exíguo tempo que resta à humanidade para reagir e tentar reparar os erros cometidos até agora.

Na noite da segunda-feira, dia 12 de novembro, cerca de 200 pessoas se reuniram no Cine Bombril, em São Paulo, para assistir à pré-estréia do documentário, organizada pelo Akatu, em parceria com a divisão de cinema da Warner. Ao final da projeção, um silêncio incômodo ocupou a sala até que os aplausos vieram. Todos estavam tocados com a mensagem do filme. Por um lado, havia a tristeza pelo tamanho do estrago presenciado. Por outro, a esperança pelas possibilidades de solução mostradas no documentário.

Após a sessão, Helio Mattar, diretor presidente do Akatu, Fabio Feldmann, secretário-executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas e Biodiversidade e membro do conselho consultivo do Instituto Akatu, e Cynthia Rosenburg, editora-executiva da revista Época Negócios conduziram um debate sobre o filme.

Cynthia Rosenburg, comparou o documentário com o filme “Uma Verdade Inconveniente”, baseado em palestra de Al Gore, e avaliou que o trabalho de DiCaprio avançou em relação ao primeiro. “‘A Última Hora’ fala de temas que já são discutidos há algum tempo, mas deixa claro que há um senso de urgência. Uma coisa que me incomodou no “Uma Verdade Inconveniente” é que ele emite um diagnóstico, mas deixa pouco espaço para mostrar o que se pode fazer, enquanto que este documentário se dirige às soluções com maior ênfase.” conta ela.

Para Feldmann, no entanto, o filme poderia ter acrescentado ainda mais ao repertório de ações. “A mudança de patamar de consciência que ocorreu nos últimos anos faz com que as pessoas necessitem de maior repertorio de ações e iniciativas. Isso não ficou tão claro”. Ele lembra, ainda, que todos os elementos da sociedade podem contribuir. “O consumidor tem um ‘papel grande’ [na manutenção da sustentabilidade], mas os poderes públicos no Brasil não estão fazendo o que precisa ser feito”. Para ele, o governo deve procurar, por exemplo, estimular iniciativas ecológicas como “telhado verde”, reuso da água, e uma “reforma tributária ecológica”. “Temos que entender que modernidade é nos sintonizarmos com o que o mundo está pensando”.

Na mesma linha, Mattar diz que não há dúvida que o melhor caminho para a mudança no rumo tomado pela integração entre homem e meio ambiente é o tripé: “políticas públicas, tecnologia e mudança no comportamento do consumidor, conforme apontado pelo documentário”.

Em determinado momento, questionado pela platéia se ainda há tempo para “ações de formiguinha”, Mattar diz que ainda não há uma massa crítica de pessoas  suficientemente conscientes dos impactos de suas ações, especialmente ao longo de toda uma vida. “As pessoas não se deram conta que, em 72 anos, expectativa de vida dos brasileiros de hoje, pode-se fazer muito bem ou muito mal para o planeta”. Ele dá como exemplo, a quantidade de lixo produzida por uma única pessoa neste período, que seria suficiente para preencher um apartamento de 50 m² até o teto.

Méritos do filme
Para Mattar, “a sociedade perdeu de vista que o consumo não deve ser um fim em si mesmo, mas sim um instrumento de bem-estar. O filme faz bem em mostrar essa relação entre consumo e felicidade”. Os debatedores ressaltaram também o poder mobilizador do cinema. “Filmes como esse levam a discussão para outro patamar, divulgam o problema e mobilizam mais pessoas”, diz Cynthia, que, em seguida, perguntou às pessoas da platéia se elas já adotaram alguma mudança de comportamento em função de um filme.

Mas Mattar lembra que a mudança de comportamento é precedida pela mudança de consciência. A simples mudança de consciência já representa muito porque ela é o embrião da modificação dos hábitos. “Mesmo que as pessoas se declarem a favor, mas não pratiquem ações de consumo consciente, isso já é um primeiro passo, porque pelo menos já sabem o que se espera que elas façam”.

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