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31.12.10 às 12:46

Gestão do conhecimento e sustentabilidade

Promover a gestão do conhecimento com vistas ao desenvolvimento sustentável é propiciar novas ideias, por Sônia Wada
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O grande desafio do século XXI é promover o desenvolvimento sustentável. O que significa atuar de forma economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta. O crescimento econômico não pode se contrapor aos pilares da sustentabilidade; portanto, as organizações precisam, cada vez mais, adotar práticas sustentáveis. Manter políticas de administração responsáveis, buscar alternativas de produção que utilizem recursos renováveis e promover ações que protejam o meio ambiente e a sociedade são algumas das iniciativas a serem tomadas e a gestão do conhecimento pode facilitar sua aplicabilidade.

O conceito de desenvolvimento sustentável possui três variáveis principais: a social – pela visão de uma sociedade mais equilibrada, com melhoria da qualidade de vida, melhor distribuição de renda, mais saúde e oportunidades de educação e emprego; a econômica – com melhor alocação e gerenciamento mais eficiente dos recursos, um fluxo constante de investimentos públicos e privados e menor desigualdade de renda; e a ecológica – com o uso racional dos recursos naturais, consumo de energias renováveis, redução de poluentes e resíduos e proteção ambiental.

Por meio da gestão do conhecimento aplicada às práticas de sustentabilidade, empresas passam a se preocupar não só com sua viabilidade econômica, mas assumem a responsabilidade social perante todos os envolvidos na cadeia produtiva, desde os acionistas, investidores e governos até a comunidade e o meio ambiente, passando por clientes, colaboradores e fornecedores.

Preceitos de geração de conhecimento não são estratégias inovadoras; sempre foram utilizados para as tomadas de decisão. A diferença é como gerir esse saber acumulado, esquematizá-lo e disponibilizá-lo da melhor maneira possível para aprimorar a cultura da organização. Saber como usar o conhecimento, estabelecendo práticas, padrões e sua disseminação entre os públicos internos e externos, traz vantagens competitivas e benefícios duradouros para a sustentabilidade.

O paradigma da gestão do conhecimento possibilita a criação de uma série de processos para a captura, organização, disseminação e utilização dos múltiplos conhecimentos para a melhoria do desempenho, geração de riquezas, qualificação das equipes e investimento em ações mais voltadas para a transformação social.

O pesquisador Ikujiro Nonaka, um dos introdutores dos princípios que hoje são base da gestão do conhecimento, dizia que “o conhecimento é um processo humano dinâmico para justificar a crença pessoal com relação à verdade”. Por isso, o que coloca uma organização em vantagem competitiva sustentável é o conhecimento que ela detém, a eficiência com que utiliza essas informações e a velocidade com que realiza inovações a partir desses dados. Para isso, precisa garantir subsídios aos procedimentos adotados em seus processos de gestão.

A gestão do conhecimento requer um profundo estudo das rotinas de trabalho, o pleno acesso às fontes de informação e a compreensão de como esses valores influenciam os modos de operação, desde a alta administração da empresa até as pessoas envolvidas em cada processo, direcionando cada patamar a seguir pelo caminho da sustentabilidade.

Além disso, promover a gestão do conhecimento com vistas ao desenvolvimento sustentável é propiciar novas ideias, que confirmem o artigo 225 da Constituição brasileira: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Que as empresas aprendam a usar o conhecimento de seus colaboradores, transformando-o em ações sustentáveis. Do mesmo modo, que estimulem o aprendizado desses profissionais por meio de cursos, palestras, treinamentos e programas de conscientização ambiental e de sustentabilidade. Somente assim será possível promover novas práticas, desenvolver novos hábitos, planejar ações e disseminar noções que respeitem a sustentabilidade. Educação é fundamental para ampliar a consciência coletiva de desenvolvimento sustentável e preparar o mundo para as futuras gerações.

Termino lembrando a Conferência Mundial sobre a Ciência, realizada em Lisboa, em 1999. “Todos vivemos no mesmo planeta e todos fazemos parte da biosfera. Temos de reconhecer que estamos numa crescente interdependência e que o nosso futuro se encontra intrinsecamente ligado à preservação dos sistemas globais de apoio à vida e reconhecer que urge utilizar o conhecimento de todos os campos da ciência de um modo responsável para responder às necessidades e às aspirações humanas sem abusar desse conhecimento.”

* Sonia Wada é diretora presidente da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento

*Artigo originalmente publicado na revista digital Envolverde

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