As aulas estão voltando e, com elas, cerca de 760 mil veículos também retornam às ruas da cidade de São Paulo. O número é alto e evidencia o contraste entre a ocupação das ruas e avenidas da cidade no período de férias e no de aulas. Segundo estimativa da CET – Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, o número de viagens realizadas dentro da cidade durante o período letivo, aumenta em torno de 20% se comparado ao período de férias, fazendo com que o volume de veículos em circulação chegue a aproximadamente 3,8 milhões por dia.
O fenômeno, que se repete a cada ano com o reinício do calendário escolar, também se deve à volta das atividades de empresas e instituições, e reaviva a percepção sobre o problema da crescente quantidade de veículos na cidade. Por isso, a volta às aulas é uma ótima oportunidade para refletir sobre a escolha dos meios de transporte.
Imagine quanto a população teria a ganhar se fosse possível manter durante todo o ano um volume menor de carros nas ruas! Optar preferencialmente por meio de transporte coletivo, compartilhado ou alternativo, reduz o volume de carros que circulam nas ruas muitas vezes somente com uma única pessoa, e pode ser um jeito fácil e acessível de promover essa mudança. Hoje, em São Paulo, é preciso de 127 automóveis para transportar a quantidade de pessoas que um único ônibus articulado pode levar. Além da fluidez no tráfego, teríamos mais segurança e espaço para quem anda a pé ou de bicicleta, e contaríamos com a melhora da condição do ar e com a diminuição da poluição sonora. De acordo com dados da Secretaria de Transportes da cidade, 90% da poluição atmosférica de São Paulo tem origem no setor de transporte. Se o uso individual do automóvel não fosse a primeira opção da lista, os paulistanos, assim como os moradores de outras grandes cidades, também ganhariam melhor qualidade de vida com a redução do estresse e das horas gastas no trânsito.
Diante da ausência de infraestrutura em algumas cidades que suporte o número crescente de veículos individuais e dos impactos ambientais negativos que essa escolha causa nas grandes metrópoles, antes de dar a partida no carro – o que já se faz muitas vezes de forma automática – valeria se perguntar: o automóvel é a minha melhor opção? “A prioridade dada à mobilidade motorizada individual está nos levando, pouco a pouco, a um colapso urbano de proporções nunca vistas. É preciso que cidadãos, consumidores, poder público e setor produtivo reflitam, planejem e implantem opções coletivas e compartilhadas para o transporte, evitando que nossos já tão mal tratados espaços públicos urbanos se tornem grandes estacionamentos a céu aberto”, alerta Helio Mattar, diretor-presidente do Akatu.
Priorizar o transporte coletivo ou pensar em formas mais inteligentes, eficientes e econômicas de locomoção, por meio da organização de caronas e trajetos a pé, ou ainda optar pelas vans escolares e similares, são exemplos de ações individuais que ajudam a economizar tempo, combustível e transtornos acumulados diariamente nos engarrafamentos. Essas ações individuais contribuem para um movimento a favor do bem-estar coletivo. Consumir transporte de forma consciente é optar pelas alternativas já existentes e pressionar para que elas ganhem qualidade e quantidade, quando necessário. Demandar melhores soluções do poder público é também uma ação do consumidor consciente.
Fluxo das pessoas é o mais importante
Garantir a circulação, o conforto e o bem-estar de quem mora nas cidades, independentemente do meio de transporte que esqcolher, deve ser o foco das ações de mobilidade urbana. A pé, de bicicleta, trem, carro, ônibus ou metrô: a prioridade é o fluxo das pessoas.
Assista ao vídeo “A Evolução dos Transportes”, dirigido por Elvio Cavalcante. Em linguagem descontraída, a animação mostra, inclusive de forma numérica, o tamanho da evolução no uso do transporte individual e os impactos decorrentes, assim como os benefícios de compatibilizar o interesse individual e o bem-estar coletivo ao tratar do tema do trânsito em São Paulo.
Leia também:
– Por uma grande campanha a favor de um transporte consciente, por Helio Mattar
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