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06.02.15 às 11:45

Mais de 60% das grandes companhias do Brasil não têm metas de emissões

Na pesquisa realizada pelo CDP foram analisadas as respostas de 140 fornecedores brasileiros
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Crédito: Creative commons/Eduardo Amorim

 

Comentário Akatu: O aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera é uma das principais responsáveis pelo crescente aquecimento global, mencionado na reportagem abaixo. Esse problema sinaliza a relação de interdependência ao longo da história entre a ação humana e o impacto sobre os ecossistemas e o comportamento climático. Não é somente a poluição industrial que gera esse tipo de alteração climática: desmatamento, exploração pecuária em larga escala, utilização de meios de transportes movidos a combustíveis fósseis e energias geradas de forma poluente também entram nessa lista. Se os consumidores são parte da origem do problema, também são parte de sua solução. Por meio de mudanças em suas práticas cotidianas, os consumidores se percebem como cidadãos e se empoderam, forçando as empresas a produzirem de forma mais limpa. Este novo comportamento e esta nova consciência são primordiais para reduzir o aquecimento global e suas consequências ruins ao clima do planeta.

 

A integração das mudanças no clima às estratégias de negócios é algo presente nas empresas, porém, ainda é necessário um avanço significativo para que as ações de combate às alterações climáticas deixem de ser entendidas como táticas e passem a ser tratadas como estratégicas pelas companhias em todo o Brasil. É o que mostra o sumário executivo da edição 2014 do Programa CDP Supply Chain no Brasil: Gestão das mudanças climáticas na cadeia de valor: desafios e conquistas.

O relatório lançado pelo CDP, organização internacional que atua junto a empresas, investidores e cidades de todo o mundo para prevenir as mudanças climáticas e proteger os recursos naturais, foi divulgado ontem, 5 de fevereiro.

De acordo com o levantamento, poucas empresas possuem iniciativas ativas de redução de emissões. Por outro lado, os setores de Bens de Consumo, Financeiro, TI, Serviços de Telecomunicações e de Utilidades se destacaram ao longo do ano por apresentarem percentuais maiores de redução.

O documento foi elaborado pelo CDP em parceria com a Gestão Origami, também responsável por implementar a metodologia de scoring do CDP para avaliar as empresas participantes do Programa Supply Chain no Brasil.

Para tanto, foram analisadas as respostas de 140 fornecedores brasileiros à solicitação de 66 empresas-membro do programa em 2014 e que representam US$ 1,3 trilhão em poder aquisitivo, e incluem organizações como Ford, Unilever, Walmart, Banco Bradesco, Braskem  e Marfrig, entre outras.

No que diz respeito às metas de redução de emissões, 64% das grandes companhias afirmam não possuir metas ativas de redução de emissões. Já entre as pequenas e médias empresas, esse percentual sobe para 75%. No entanto, são os setores energético e de utilidades que se destacam pela maior propensão ao estabelecimento de metas de redução de emissões.

O sumário identificou que o engajamento dos fornecedores sobre as emissões de gases de efeito estufa e estratégias de mudanças climáticas mostrou-se uma prática ainda incipiente, já que somente 13% das empresas de grande porte e 7% de pequeno porte mostram algum tipo de envolvimento.

Os dados mostram ainda que a incerteza regulatória e a falta de medição e reporte das companhias tende a ser maior em empresas mais engajadas e com maior exposição às questões climáticas, como os setores já regulados pela legislação nacional. No entanto, para pequenas e médias empresas e setores que ainda não inseriram a gestão climática em seu negócio, falta a percepção de que o tema integra o negócio e pode ser aproveitado como uma ferramenta para atingir novos mercados e práticas mais sustentáveis.

Cases de sucesso
Em 2014, foram selecionadas três empresas – de grande, médio e pequeno porte – para a elaboração de um estudo de caso em parceria com o Insper, uma instituição de ensino superior e pesquisa. Esses fornecedores foram engajados no Programa Supply Chain por indicação de empresas-membro, com as quais formaram parcerias na cadeia de valor.

Na medida em que cresce a pressão por produtos e processos menos intensivos em carbono, a competitividade de uma companhia será determinada pela sua habilidade de medir, gerir, reportar e reduzir suas emissões de carbono, adaptando sua estratégia de negócio aos riscos das mudanças climáticas.

Apesar de complexa, essa tarefa tem proporcionado às empresas e seus fornecedores ganhos de eficiência em processos, redução de custos e, consequentemente, uma melhor performance econômica. É o que demonstram os cases do Grupo Libra (fornecedor da Braskem), da Mod Line Soluções Corporativas (fornecedor do Banco Bradesco) e da WEG (fornecedor da Marfrig).

Independentemente do porte da companhia, é possível integrar as mudanças climáticas à estratégia do negócio. Prova disso é o resultado final da avaliação da Mod Line Soluções Corporativas no Programa Supply Chain do CDP. A empresa caracterizada como pequena e média empresa (SME) obteve score A- no que se refere ao critério de desempenho na metodologia do CDP, que avalia a integração das mudanças climáticas à estratégia de negócio e a redução significativa de emissões. Esta é a primeira vez que uma empresa obtém essa pontuação no Brasil. Das 3.396 empresas respondentes no mundo ao programa Supply Chain, apenas 121 alcançaram essa nota.

“Este é um exemplo concreto de que não importa o setor de atuação, o tamanho e a origem da companhia. Qualquer empresa pode se tornar protagonista na busca de melhorias em seus processos e operações e também em sua cadeia de valor, visando reduzir emissões e impactos no meio ambiente e sociedade”, destaca Lauro Marins, gerente do Programa CDP Supply Chain Latin America.

Reconhecimento às boas práticas
O Programa Supply Chain é composto de um processo anual de aplicação de questionários, que resulta em informações dos fornecedores sobre mudanças climáticas, bem como estratégias de ação relacionadas com a água. Em 2014 foram convidadas 191 empresas no Brasil, sendo que 140 responderam ao questionário. O País é o terceiro maior em número de empresas convidadas/respondentes, atrás apenas dos Estados Unidos e da Inglaterra.

Conheça o sumário executivo do estudo (em PDF)

 

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